A cidade de Blumenau, em Santa Catarina, celebra a cerveja e a cultura alemã durante todos os meses do ano. Em outubro, com a primavera a postos, a alegria ganha ares de Carnaval, com duas semanas e meia de duração: tem muita música, dança, bebidas e comidas típicas desfilando na Oktoberfest, a maior festa brasileira da cerveja.
Localizada a 140 km de Florianópolis, numa paisagem de morros de intenso verde, Blumenau foi fundada por imigrantes alemães em 1850. Leva o nome de Hermann Blumenau, que estabeleceu a colônia nas margens do rio Itajaí-Açu. A cultura germânica é a mais visível, em especial na gastronomia e na arquitetura de estilos enxaimel ou alpino, mas também os italianos deixam a sua marca na região desde 1875.
A fórmula das cervejas de fabricação artesanal é cultuada pelos mestres-cervejeiros locais, em especial na observância da Lei de Pureza, a Reinheitsgebot, instituída na Baviera em 1516. Em qualquer época do ano, Blumenau se apresenta como uma escola para degustar as diferenças entre as famílias lager e ale, descobrir as graduações de amargor e doçura, aprender que uma cerveja que harmoniza com charutos e defumados será tostada, mas não frutada.
Para acompanhar a bebida, tem aqueles nomes de pronúncia difícil nos cardápios, como knackwurstchen mit sauerkrat und salat (salsichão com chucrute e salada) e pfeffersteak (filé grelhado com molho de pimentas). Felizmente dá para pedir o prato mais típico em língua portuguesa mesmo: marreco recheado.
Equipada para períodos de festas importantes, a rede hoteleira é eficiente. Dois museus se destacam entre as atrações culturais: no Museu da Família Colonial, as vigas de madeira do estilo enxaimel não são apenas decoração nas paredes, como em fachadas estilizadas da Vila Germânica e da rua 15 de Novembro, mas parte de uma estrutura complexa de encaixe e sustentação.
No Museu de Ecologia Fritz Muller, o contato é com o legado de um importante pesquisador alemão, naturalizado brasileiro, um dos primeiros a sair em defesa da teoria da evolução de Charles Darwin, com quem ele se correspondia desde o Sul do Brasil.
Pólo da indústria têxtil e de informática, Blumenau incentiva o contato com a natureza em parques como o Spitzkopf, o Parque das Nascentes e o Parque Aquático Recanto dos Anjos, providenciais nos meses abafados do verão. Também são muitos os mirantes para as curvas do rio Itajaí-Açu, que nasce na Serra do Mar e banha 45 cidades antes de encontrar o oceano. A partir de uma enchente do rio, aliás, e da necessidade de arrecadar fundos para os desabrigados, nasceu a Oktoberfest, em 1984, inspirada na festa de Munique. Ao longo dos anos, o bom humor dos moradores inventou para os desfiles engenhocas como a Centopéia, uma bicicleta de vários módulos, e o capachope, capacete que armazena a bebida em garrafas e a leva até a boca do bebedor por finas mangueiras.
Em Blumenau, caneco de chope é de estimação, ele fica preso ao corpo por um tirante. Afinal as festas são para dançar, pular, cantar, comer, abraçar, e não para deixar um caneco perdido e sozinho por aí.
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