Na onda da “gourmetização”

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Para manter as vendas aquecidas, chefs de cozinha e empresários entram na onda gourmet, oferecendo produtos inusitados com ingredientes e receitas mais elaboradas. De uns anos para cá, muitas polêmicas surgiram quando o assunto é “gourmetização”, mas, afinal, o que significa esse termo e quando um produto ou serviço pode ser considerado “Gourmet”?
Para entender, primeiro vamos ao seu significado. A palavra gourmet, segundo o Dicionário Online de Português, é o conhecedor e apreciador de bons vinhos e boas iguarias. Atualmente já faz parte do vocabulário português e alargou o seu âmbito a tudo o que se relaciona com os prazeres da mesa, sempre na perspectiva da autenticidade e da qualidade.
Para Gerson Balmat, chef executivo de cozinha com experiência internacional, “gourmet” deve ser a essência da arte, desconstruir, simplificar, revisitar e reinventar. Então pergunto: uma comida gourmet é mais chique? O chef ressalta que “gourmet não é chique”, a essência está na busca por uma elaboração com um que de artesanal, utilizando ingredientes diferenciados e, por vezes, com harmonizações estudadas. “Até uma comida de rua pode ser gourmet desde que não perca suas características, boa, rápida e barata”.
E na onda da “gourmetização”, das gôndolas dos supermercados às comidas de ruas, com seus famosos Food Trucks, muita coisa ganhou versão gourmet. Seja por modismo ou tendência o fato é que muitos querem oferecer novidades para lá de chiques, opa, desculpe, sofisticados. São produtos diferenciados e criativos que levam a uma experiência inigualável, então pode ter certeza que vai exigir um investimento maior, por parte de quem prepara e, logicamente, do consumidor. Logo, o barato ficou caro.
Mas, e as características básicas de uma comida de rua, onde ficam? Balmat afirma que os custos para se montar um Food Truck são altos, por muitas vezes até maiores que uma loja fixa. E por conta disso, muitos empresários elaboram cardápios mais sofisticados para tentar obter um retorno mais rápido do investimento. E aí que entra a mágica do marketing, se é gourmet pode cobrar mais caro!
As polêmicas são grandes, alguns criticam e outros defendem como é o caso da chef Juliana Ribeiro, da empresa Tri Chef Gastronomia. Ela diz que a gourmetização é uma coisa legal desde que não exagerada e não deve existir abuso nos valores só pelo fato de levar a palavra gourmet no nome. “Os valores devem acompanhar o trabalho e a dedicação desenvolvida para cada prato”, comenta Juliana.
O preço de um produto gourmet pode ser 25% mais caro que o tradicional. Um exemplo disso é a pipoca gourmet, que custa em média R$ 45,00, com sabores inusitados como curry e chocolate belga e são vendidas em lindas latas decorativas, por sua vez a versão tradicional para microondas com sabor manteiga custa em média R$ 1,75. Além da criatividade, conhecimento de mercadorias e insumos são fundamentais para definir um produto ou serviço como gourmet. O termo pode se referir a produtos mais caros e requintados, como o “foie gras” e o caviar ou a pratos mais populares, como o hambúrguer, o brigadeiro ou até uma pipoca, desde que seu preparo seja uma releitura da receita tradicional com um toque especial e ingredientes diferenciados.
Com nossa riqueza natural e a criatividade dos chefs, as pessoas ainda vão desfrutar de muitas reinvenções deliciosas. Então, prepare seu paladar e seu bolso porque essa onda da “gourmetização” ainda vai longe.