Doze adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos, trabalharam no “despiche” de uma parte da Praça do Gaúcho (Praça do Skate), em Curitiba. Promovida pela Secretaria Municipal da Defesa Social e Guarda Municipal, a medida tem caráter socioeducativo e envolve adolescentes flagrados durante pichações. Algumas mães acompanharam a despichação, que foi a segunda ação do gênero este ano.
A ação prática é sempre precedida de uma palestra da Guarda Municipal para pais e adolescentes infratores. O diretor da Guarda Municipal, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, lembra que uma das orientações mais importantes é conscientizar e esclarecer pais e adolescentes de que “toda ação gera uma reação, todo ato contrário à norma judicial tem uma conseqência”.
“A palestra mostra que todos têm direitos, deveres e obrigações. A parceria com todos os órgãos envolvidos demonstra o esforço conjunto de educar”, afirma o inspetor.
A execução da medida tem o apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, do Ministério Público, da Associação Comercial do Paraná, da Associação de Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), além de comerciantes e empresários. Para esta segunda ação de despichação, empresários e comerciantes da região fizeram a doação de quatro latas de tinta, de 18 litros cada, para que os adolescentes participantes pudessem realizar a pintura da pista de skate e de parte de um dos muros do Cemitério Municipal.
“Este é um projeto de muitas mãos e podemos perceber que os resultados são mais consistentes quando há o envolvimento da família, da sociedade e do Estado”, afirma o juiz da Vara de Adolescentes em Conflito com a Lei, Fábio Ribeiro Brandão. “Fiquei maravilhado com o que ouvi na palestra feita pela Guarda. O projeto é muito interessante e tem caráter educativo, tem a meta de educar as pessoas para viver em sociedade e conscientes de que o direito de cada um vai até onde começa o do outro.”
Brandão informa que a medida, no formato adotado atualmente, reduz a reincidência para apenas 3%. “O projeto é uma semente para mostrar que é possível reduzir a prática infracional”, diz.
De acordo com o inspetor Frederico, os pichadores em geral têm entre 13 a 36 anos, a maioria é do sexo masculino, com ensino médio e superior. O inspetor lembra que o ato de pichar e a venda de spray para menores são crimes, e que a venda deve ser feita dentro dos critérios estabelecidos. “Os compradores precisam ser cadastrados, no ato da compra, como acontece com a venda de alguns tipos de medicamentos. Pretendemos passar a cobrar que esse cadastro seja feito”.
“Vou ficar mais atenta com ele”, disse a auxiliar de limpeza WG, mãe de um adolescente de 16 anos que participou da despichação. Mãe de um garoto de 14 anos, uma comerciante que acompanhou o trabalho disse ter ficado surpresa com a ação do filho. “O piá me surpreendeu. Ele gosta de estudar, trabalhar e conhecer coisas novas”, disse.