Álcool não “corta” efeito do antibiótico, afirmam infectologistas

Você sabia que alguns antibióticos podem prejudicar o efeito da pílula anticoncepcional? E que o consumo excessivo deles pode levar a bactérias resistentes? Apesar da prescrição comum do medicamento, muitas pessoas têm dúvidas sobre como usá-lo e seus efeitos colaterais. Os infectologistas Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e Hélio Vasconcellos Lopes, professor da Faculdade de Medicina do ABC explicam os principais mitos envolvendo os antibióticos.
Os antibióticos matam ou inativam o causador da infecção. Atuam principalmente contra bactérias e não combatem vírus. O uso excessivo de antibióticos pode levar a bactérias resistentes, conhecidas como superbactérias. Por isso, é fundamental fazer uso racional do medicamento, que só deve ser indicado quando realmente necessário. “Se você trata uma infecção com determinado antibiótico e, certo tempo depois, aparece outra infecção, deve-se trocar o antibiótico, porque a bactéria é provavelmente resistente ao primeiro”, acrescentou o infectologista Ujvari.
Antibióticos, assim como qualquer outro medicamento, têm dois lados: benefícios e efeitos adversos. Entre os efeitos colaterais estão irritação no estômago, causando náuseas e vômitos, alergia, diarréia, além de atacar fígado e rim. O infectologista Ujvari disse que, em alguns casos, é possível controlá-los. Por exemplo, para irritação no estômago, os médicos receitam também remédios para proteger o órgão. Problemas significativos pedem troca de antibiótico, recomendada pelo médico.
Tomar em doses, duração e intervalos errados pode prejudicar o tratamento. “Se tomar doses a mais, pode ter efeito colateral, como náusea e enjoo. Baixa dosagem, pular doses ou parar o medicamento antes do prazo pode não tratar adequadamente o quadro. O antibiótico precisa sempre estar em um nível no corpo pra agir. Se diminuir, a bactéria volta”, esclareceu o infectologista Ujvari. O período necessário para usar o medicamento depende do quadro infeccioso e do tipo de paciente. É o medico que determina e deve-se segui-lo à risca. Se parar antes, a cura pode não ser concluída e a infecção ser reativada, como alertou o infectologista Lopes.
Esqueceu-se de tomar um medicamento? Caso se lembre poucas horas depois, ingira-o. Agora, se perceber o erro somente no momento da próxima dose, não tome dois, recomendou o infectologista Ujvari. A automedicação pode fazer com que tome antibiótico errado (que não atua contra aquela infecção) ou em doses, intervalos e duração inadequados, ressaltou o infectologista Lopes. Assim, a infecção pode progredir, a pessoa pode se expor aos efeitos colaterais sem necessidade e ainda favorecer a resistência bacteriana, como acrescentou Ujvari.
Alguns medicamentos podem potencializar ou minimizar os efeitos de outros, essa é a chamada interação medicamentosa. Por exemplo, alguns antibióticos, assim como outros remédios, podem interferir no efeito da pílula anticoncepcional, como informou o infectologista Ujvari. Informe sempre ao seu médico a lista de medicamentos de que faz uso.
O uso frequente de determinado antibiótico não faz com que o organismo se “acostume” e pare de funcionar no paciente. “Por exemplo, é muito comum mulher ter infecção urinária de repetição. Toma um antibiótico, ele age na infecção, mas muda a flora normal de bactérias do corpo. Se toma com frequência, essa mudança de flora pode fazer com que comece a ter bactérias mais resistentes, o que dá a impressão de que o organismo ficou tolerante”, explicou o médico Ujvari. “Por isso, é sempre interessante fazer exame de cultura para saber com qual bactéria estamos lidando.”
O infectologista Ujvari explica que alguns antibióticos precisam de estômago vazio para serem mais absorvidos. Nesse caso, o médico recomenda ingeri-los com água. Já outros podem irritar o estômago e a alimentação não interfere na sua absorção, então a orientação é tomá-los com um copo de leite ou lanche.