O 31 de maio é marcado como o Dia Mundial Sem Tabaco. Um estudo realizado pelo Banco Mundial estimou que o tabagismo resulta em uma perda global de US$ 200 bilhões por ano em função de mortes prematuras, incapacitação, adoecimento, aposentadoria precoces e de faltas ao trabalho, sendo que aproximadamente a metade deste montante ocorre em países em desenvolvimento. No Brasil, a arrecadação de impostos provenientes do tabaco é bastante significativa para a economia do país. No entanto, os gastos sociais determinados pelo consumo de cigarros superam, em muito, esta arrecadação.
Segundo Alexandre Cury, cardiologista do Laboratório Frischmann Aisengart, o tabaco é o principal fator de risco evitável para as doenças cardiovasculares. O fumo aumenta em até 300% o risco de um ataque cardíaco, além de provocar inúmeras outras doenças, como o câncer. O Brasil tem 35 milhões de fumantes e 80 mil pessoas morrem precocemente todos os anos por causa do cigarro. Segundo estudos internacionais, o tabaco mata um em cada dois usuários. “A proibição total e abrangente, como a lei antifumo aprovada em 2010, pode contribuir na redução do consumo de tabaco e evitar também os efeitos do fumo passivo”, analisa o especialista.
Cury explica que o fumante passivo, ou seja, aquele que não fuma, mas está próximo de um fumante, tem contato direto com 30 substâncias cancerígenas, presentes na fumaça do cigarro. O fumo passivo é responsável por 40% dos infartos, matando seis pessoas por dia no Brasil e causando, ainda, 30% de cânceres de pulmão, entre outras doenças.
Segundo o cardiologista, alguns mitos sobre o cigarro devem ser debatidos. “O primeiro é que não há diferenças nos riscos à saúde entre as diferentes marcas de cigarro, nem entre os supostos cigarros com alto e baixo teor de nicotina”, revela. O médico também lembra que não existem níveis seguros para o consumo de alcatrão, monóxido de carbono e nicotina. Os cigarros são os únicos produtos de consumo no mercado que matam seus consumidores regulares ao serem consumidos. Cury também alerta que os fumantes adultos, em grande parte, estão morrendo e/ou adoecendo devido a doenças causadas pelo cigarro ou estão parando de fumar. A indústria do tabaco, então, tenta captar novos fumantes entre os jovens através de propaganda enganosa, que serão seus futuros clientes nos próximos 25 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo é uma doença pediátrica, pois quase 90% dos fumantes regulares começam a fumar antes dos 18 anos de idade.
Para Cury, os principais benefícios ao parar de fumar são: após vinte minutos a pressão sanguínea e pulsação voltam ao normal; após oito horas o nível de oxigênio se normaliza; após dois dias o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor os alimentos; após três semanas a respiração fica mais fácil e a circulação melhora; após cinco a dez anos o risco de sofrer infarto será próximo ao de uma pessoa que nunca fumou.