4% da população mundial sofre de compulsão alimentar

Segundo dados recentes da Associação Americana de Psiquiatria, a compulsão alimentar, distúrbio em que há consumo frequente ou esporádico de grandes quantidades de alimentos, atinge de 2% a 4% da população mundial. MyrnaCampagnoli, endocrinologista, explica que a compulsão pode apresentar um espectro bastante variado. “Em todos os casos, frequente ou esporádico, diversificado ou específico, o distúrbio pode acarretar danos à saúde e deve ser tratado”, diz.
Para a especialista existem alguns sinais que ajudam a identificar a compulsão. “Quando um indivíduo ingere, em um período limitado de tempo, uma quantidade de alimentos maior do que a maioria das pessoas consumiria em período similar, e acarreta em sentimento de falta de controle, angústia e sensação de culpa o distúrbio alimentar deve ser considerado”, afirma.
A Dra. Myrna aponta para uma falsa impressão de que a compulsão acarreta em obesidade. “Nem sempre os dois fatos estão ligados, pois este distúrbio, muitas vezes, está associado a outros problemas alimentares em que, após o exagero, há a tentativa de eliminação através de vômitos, uso de laxantes (bulimia) ou atividade física exagerada (vigorexia)”, aponta.
O distúrbio pode acometer adultos e crianças de ambos os sexos, apesar de ainda ser mais frequente em mulheres adultas. “Esta é uma doença subdiagnosticada, uma vez que grande parte das pessoas subestima episódios de compulsão justificando como tristeza, ansiedade, preferência alimentar, entre outros. Quando esse processo se torna frequente, foge ao controle do indivíduo e promove sensação de angústia ou culpa, podemos denotar a compulsão em si”, atenta.
Para a médica, é fundamental olhar com honestidade os hábitos alimentares. “É preciso desvincular a alimentação dos sentimentos de culpa, tristeza e ansiedade. É fundamental perceber que essas oscilações de humor são também parte do problema e não causa ou efeito do consumo alimentar”, defende.
A médica reforça que é importante estar atento, pois o distúrbio pode expor o paciente a riscos de desnutrição, obesidade, alteração de colesterol, diabetes, problemas cardiovasculares, articulares, entre outros. Na consulta médica é possível identificar fatores de risco e diagnosticar o problema. “Muitas vezes o paciente não tem a percepção do distúrbio ou o nega como mecanismo de defesa”, afirma.
De acordo com a Dra. Myrna, o diagnóstico clínico é baseado no histórico e no padrão nutricional de cada um. Exames laboratoriais também auxiliam, especialmente na identificação das comorbidades. O tratamento se baseia em medicamentos controlados, orientação nutricional e psicológica.

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