O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que o governo federal, em parceria com o governo do Acre, terá de realizar “um trabalho equilibrado” para conciliar ajuda humanitária aos haitianos que estão abrigados em Brasileia (AC) com o combate à imigração ilegal e ao tráfico de pessoas.
Carvalho ressaltou que o governo brasileiro conversará com autoridades do Peru e da Bolívia, principais países que servem de rota da imigração ilegal para o Brasil, para negociar providências com relação ao problema.
“É claro que isso também vai nos levar a entendimento com os governos dos países vizinhos, como é o caso do Peru e da Bolívia. Nós precisamos fazer um acordo para que haja um mínimo de cuidado também no uso desses países como corredor de chegada ao Brasil”, explicou Carvalho. Ele disse também que “o Brasil não pode ser um Estado que rejeita imigração”.
Carvalho destacou que o Brasil tem setores da economia com capacidade de “absorção muito grande” de mão de obra, inclusive estrangeira, como é o caso da construção civil. Ele ponderou, no entanto, que apesar da tradição brasileira de acolher estrangeiros, é necessário que seja feito de forma que não provoque “um tumulto como está ocorrendo”.
O ministro frisou que governo tem compromisso de fornecer assistência humanitária, socorrendo o governo acriano, dando condições mínimas de vida aos imigrantes e tentando inserí-los na sociedade e no mercado de trabalho.
Segundo autoridades acrianas, 1.300 haitianos estão hoje em Brasileia. Ontem, 44 receberam vistos provisórios e foram contratados por uma empresa de abate de aves de Maringá (PR). Ao mesmo tempo em que esses imigrantes tiveram a permanência legalizada, outras 42 pessoas entraram ilegalmente na cidade em menos de 24 horas.
O prefeito de Assis Brasil, também no Acre, Humberto Gonçalves Filho, cujo município também integra a rota de imigração ilegal, disse que entram diariamente pela fronteira com Iñapari, no Peru, de 30 a 40 haitianos. Essas pessoas, diferentemente do ano passado, quando a cidade precisou do apoio da Força Nacional para conter a imigração pela fronteira, funciona atualmente apenas como corredor de passagem para Brasileia.