Baixa visão pode ser contornada por trabalho de reeducação

Muitas vezes confundida com cegueira, a visão subnormal ou baixa visão é um comprometimento da função visual, que impõe ao portador uma série de dificuldades para lidar com a vida cotidiana. Pessoas com baixa visão são facilmente identificadas pela necessidade de aproximação máxima do objeto que desejam enxergar. Nos idosos, as principais causas da baixa visão são a degeneração macular relacionada à idade, retinopatia diabética e glaucoma. Já em crianças, as causas mais comuns são a coriorretinite macular (perda da visão central), catarata congênita (visão difusa), retinopatia da prematuridade e doenças degenerativas da retina.
Após avaliação oftalmológica do médico especialista, é possível fazer diagnóstico de cada caso, e definir a utilização de recursos ópticos – aparelhos especiais que ampliam consideravelmente a visão. Esta é uma alternativa para quem possui baixa visão. Além desta abordagem, um trabalho técnico aplicado na Clínica Schaefer, de Curitiba, tem demonstrado resultados excepcionais não apenas na superação das dificuldades visuais, mas também nos conflitos emocionais.
A proposta consiste em estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos remanescentes. “É como uma fisioterapia para os olhos”, explica a pedagoga Evelise Rocker Tortato, profissional especializada em deficiência visual, com 22 anos de atuação na área.
Segundo a técnica, o trabalho consiste em reeducar a visão remanescente, buscando maximizar o uso do que restou da visão. O trabalho é bastante individual e os resultados dependem diretamente da aplicação e envolvimento do paciente.
Após uma avaliação detalhada da visão, que permita reconhecer qual o grau da perda visual, é que são propostos exercícios específicos, para estimular e reeducar a visão. Uso de lupas, oclusão dos olhos, estímulo à leitura, jogos interativos e ainda aprendizagem acerca do sistema Braille de leitura para cegos.
Os resultados da estimulação visual são facilmente percebidos, segundo revela a pedagoga Evelise Tortato. “Tivemos paciente com perda severa de visão, após transplante de rim, que só enxergava claro e escuro. Além dos exercícios da visão, foram feitas orientações sobre mobilidade, com uso de bengala, ensino do Braille e encaminhamento para instituições especiais”, conta. Para uma senhora de 62 anos, que teve descolamento de retina e não conseguia enxergar letras pequenas, 20 sessões mostraram-se eficientes. “Como resultado ela reduziu grau de seus óculos e retomou a disposição depois de conseguir novamente fazer croché. É um trabalho que melhora a qualidade de visão e assim melhora a qualidade de vida”, diz a profissional.