Varizes, quando tratar com laser?

“As varizes são veias, geralmente tortuosas, evidentes ou não, que podem causar dor, inchaço ou desconforto estético em membros inferiores”, explica Dr. Bruno Nanni Alexandrino, médico angiologista e cirurgião vascular do Hospital VITA.

Segundo ele, as causas específicas para o surgimento de varizes não são bem conhecidas. O que se sabe é que alguns fatores podem contribuir mais, como: histórico familiar, idade – varizes aumentam a prevalência conforme a pessoa envelhece; ser do sexo feminino – mulheres têm mais predisposição a ter varizes; obesidade – o sobrepeso faz com que aumente a pressão intra-abdominal, dificultando o retorno venoso;  gestação – além do aumento da pressão intra-abdominal, ocorre o fator hormonal da progesterona; e uso de hormônios, especialmente estrogênio e progesterona usados em contraceptivos orais.

O problema atinge homens e mulheres, sendo mais evidentes após a segunda e terceira década de vida, porém são mais prevalentes no sexo feminino. “Estão presentes em 1% dos homens e 10% das mulheres com menos de 30 anos de idade, e 57% nos homens e 70% nas mulheres acima de 70 anos”, destaca Dr. Bruno.

“As varizes podem ser maiores ou menores, mais sintomáticas ou menos sintomáticas, mais evidentes ou menos evidentes. O que conseguimos distinguir é a etiologia das varizes, podendo ser primárias, secundárias ou terciárias”, ressalta o especialista. As varizes podem ser primárias, quando uma fraqueza da parede da veia favorece o surgimento das varizes com o passar dos anos; secundárias, quando elas são decorrentes de um problema específico, como uma trombose prévia; hereditárias ou congênitas, quando o paciente nasce com alguma alteração genética, como Klippel-Treanaunay, que favorece o surgimento de mais varizes.

Quanto ao diagnóstico, o médico explica que é clínico, porém com o advento da ultrassonografia com doppler, este passou a ser um exame fundamental na rotina do cirurgião vascular para complementar e precisar o diagnóstico.

Já a melhor prevenção para as varizes é o tratamento, que inclui a parte clínica e, quando necessário, a intervenção.

Tratamento

O tratamento pode ser dividido em intervencionista e não intervencionista. “Quando optamos por não intervir nas varizes, o paciente deve realizar exercícios físicos para fortalecimento muscular de membros inferiores, especialmente a panturrilha, reduzir peso, usar meias elásticas e medicamentos venotônicos, se necessários. Já a intervenção, podemos optar pelo tratamento com espuma para varizes, ou tratamento cirúrgico”, relata o angiologista. O tratamento cirúrgico das varizes consiste nas flebectomias (retirada mecânica das varizes visíveis por meio de microincisões) e na retirada da veia safena, quando ela estiver doente. A safenectomia pode ser feita de maneira convencional, por meio de incisão e fleboextração da veia, ou por meio de técnicas menos invasivas como o laser e a radiofrequência, que são técnicas que realizam a ablação da veia sem a necessidade de cortes maiores.

Dr. Bruno explica que o laser e a radiofrequência endovenosos são indicados para pacientes que possuem refluxo sintomático de veia safena. “Para a realização do procedimento, é feito uma punção da veia safena guiada por ultrassom, levando a fibra até o trajeto doente, e realizando a termoablação da mesma”, esclarece.

De acordo com o médico, o laser e a radiofrequência têm a vantagem de serem procedimentos menos invasivos, com uma taxa de recanalização bastante baixa, trazendo menos dor e desconforto no pós-operatório para os pacientes. Além disso, o tempo de recuperação acaba sendo mais rápido, e os riscos de complicações são menores. O paciente retorna mais rapidamente às atividades, com menos desconforto.

Quanto ao laser, pode ser aplicado em varicoses, quando se pensa em tratamento estético e não invasivo, sendo o chamado laser transdérmico. Este se difere do laser para tratar safena em diversos fatores, dentre eles o comprimento de onda e o aparelho usado para o procedimento. “Não é possível estimar a quantidade de sessões que cada paciente precisa fazer, pois é um tratamento individualizado e cada pessoa responde de uma maneira diferente”, ressalta.

A recuperação de uma safenectomia a laser/radiofrequência é rápida, com o paciente apresentando bem pouco desconforto no pós-operatório. Dependendo do caso, o paciente realiza o procedimento sob anestesia local apenas (muitas vezes sem sedação), e, ao fim do procedimento, vai para casa direto, sem a necessidade de internação. “Logicamente os sintomas de desconforto e dor são individualizados, mas geralmente o laser/radiofrequência tem uma recuperação melhor e desconforto menor quando comparado a uma safenectomia convencional’, complementa o cirurgião vascular.

“A doença de varizes é progressiva e sem cura. As varizes, infelizmente, vão voltar a aparecer. Cedo ou tarde o paciente irá apresentar novas varizes; porém não se pode prever quando e o quanto de varizes. Portanto a melhor maneira de prevenir é tratá-las assim que surgirem, para evitar que aumentem mais em quantidade e calibre”, conclui o especialista.