Mais da metade da população brasileira apresenta excesso de peso, enquanto quase 20% convive com a obesidade. A última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde apontou que a prevalência de obesidade cresceu 67,8% no período entre 2006 e 2018. De acordo com a pediatra da Paraná Clínicas, Dra. Afsone Raposo, os casos tem aumentado de forma alarmante também entre as crianças e adolescentes. Isso se deve, principalmente, ao erro alimentar, o sedentarismo e ao uso excessivo de tecnologia.
“Refrigerantes, sucos industrializados, salgadinhos e macarrão instantâneo estão entrando no cardápio de forma cada vez mais precoce. Ao mesmo tempo, as brincadeiras, que deveriam fazer parte do dia a dia, como correr e jogar bola, estão sendo substituídas pelos jogos no celular ou tablet”, avalia a médica pediatra. Essa mudança comportamental tem contribuído para aumentar os riscos de problemas cardiovasculares, diabetes e colesterol alto. “Doenças que antes vinham com o rótulo de ‘doenças da idade’, agora atingem crianças e adolescentes”, completa a médica.
O principal problema dos alimentos ultraprocessados é que eles contêm uma alta carga de açúcar “escondida” em sua composição. “É uma fonte de caloria vazia, que não vem acompanhada de outros nutrientes e se torna uma fonte de glicose de absorção rápida, o que não é nada saudável. O abuso ou excesso gera o risco do excedente ser depositado pelo corpo de outras formas, como gordura no fígado ou aumento de triglicerídeos e obesidade”, explica a nutricionista do Programa Tá na Mesa da Paraná Clínicas, Dagmarcia David. O serviço atende crianças entre 06 e 12 anos e incentiva a construção de hábitos alimentares mais saudáveis.
Além disso, conforme alerta a nutricionista, uma dieta rica em balas, doces e refrigerantes pode favorecer a proliferação de bactérias na boca, causando a formação de cáries e a inflamação das gengivas. “A infância e a adolescência são estágios da vida fundamentais para formação e estabelecimento de hábitos alimentares que tendem a manter-se na vida adulta”, enfatiza Dagmarcia.
Outros impactos
O uso excessivo de tecnologia também pode impactar na interação social de crianças e adolescentes. “Podem surgir problemas ligados ao comportamento, como estresse, ansiedade, pouca inteligência emocional e dificuldade em criar autonomia, além de outros problemas psicológicos causados pela exposição a conteúdos violentos ou de conotação imprópria”, alerta a psicóloga da Paraná Clínicas, Luciana de Camargo. Os sinais mais comuns de que algo está errado são: pouca ou quase nenhuma interação com amigos e familiares; isolamento no quarto ou permanecer por muito tempo no banheiro; e recusa da criança em participar de brincadeiras e atividades que envolvem interação e são próprias para sua idade.
Nesses casos, de acordo com a psicóloga, os pais precisam limitar o acesso às telas, planejar o tempo dedicado ao celular ou tablet e ser um bom exemplo para a criança. “É preciso evitar o tédio, criando alternativas ou situações que favoreçam o desenvolvimento do gosto por outras atividades não eletrônicas. Isso também pode ser feito sem que os pais precisem se posicionar verbalmente, mas promovendo um passeio de bicicleta com a família ou um acampamento, levando a criança a uma biblioteca, optando por jogos não eletrônicos”, exemplifica a psicóloga da Paraná Clínicas.