Todos unidos contra as superbactérias

Dois anos após a publicação do manifesto sobre disseminação de superbactérias no mundo, pela revista The Lancet, segundo especialistas o cenário não é animador. Durante muito tempo, a população fez o uso indiscriminado de antibióticos, o que levou a mutação de bactérias que se tornaram resistentes à maioria dos antibacterianos e receberam a denominação de ‘super’. O último caso de infecção por superbactéria registrado no Brasil foi em maio deste ano, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, onde cinco pacientes foram contaminados por uma superbactéria do tipo carbapenemase New Delhi Metallobetalactamase (NDM).
O prefixo ‘super’ assusta, mas o temor em relação a essas bactérias tem fundamento. Uma das grandes preocupações médicas atuais é a escassez de medicamentos para combater esses micro-organismos, cada vez mais resistentes. De acordo com o bacteriologista e superintendente do LANAC — Laboratório de Análises Clínicas, Marcos Kozlowski, os mecanismos de resistência dessas bactérias estão cada vez mais rápidos. E elas podem se ‘adaptar’ a novos medicamentos em questão de seis meses a um ano.
Contudo, de acordo com o especialista, algumas atitudes simples, como um sistema imune fortalecido e medidas de higiene fáceis de incorporar a rotina podem ajudar a mantê-las longe do corpo. “Ninguém pega uma bactéria simplesmente por andar na rua, elas precisam de uma porta de entrada. Por isso, a melhor forma de prevenção é manter bons hábitos de higiene, a começar pelas mãos. Elas devem ser lavadas com água e sabão ou limpas com álcool 70% e não devem ser levadas à boca ou nariz”, afirma. Além disso, ele destaca que a regulamentação da venda de antibióticos, realizada há pouco mais de um ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também deve promover um controle maior sobre as superbactérias. A ANVISA determinou que antibióticos só podem ser vendidos mediante a apresentação de prescrição médica, que vale somente por 10 dias, além de outras normas de controle. Médicos também estão recebendo orientação sobre a prescrição racional de dessa classe de remédios.