Mineração de NFT influencia a degradação ambiental de todo o planeta; confira explicações
Os NFTs modificaram o cenário da arte digital, mas o que pouca gente sabe sobre eles é do impacto que esses dispositivos têm no meio ambiente. Como qualquer recurso eletrônico que demanda acesso constante à Internet e à energia, esses Tokens Não-Fungíveis também emitem carbono e gases de efeito estufa meio ambiente. A aceleração da acidificação dos oceanos e o recrudescimento do aquecimento global são alguns dos problemas que o consumo energético dessas tecnologias tem na natureza.
Minerar durante um ano criptomoedas (cifra utilizada na compra e venda de NFTs) como Ethereum e Bitcoin pode ter consumo energético anual superior ao de um país pequeno como Argentina, apontou um estudo da Universidade de Cambridge publicado em 2021. Para entender melhor como essa tecnologia impacta o meio ambiente, veja a seguir cinco problemas desses tokens não-fungíveis na natureza e no clima.
1. Libera muito carbono no meio ambiente
Qualquer dispositivo eletrônico que demande acesso constante à Internet e à luz libera carbono no meio ambiente. Isso porque a produção de energia global é ainda bastante dependente de fontes não-renováveis, como carvão e gás natural. Com NFTs, isso não é diferente. Para minerar as criptomoedas envolvidas nas transações desses tokens, é necessário manter computadores e máquinas potentes em constante funcionamento.
Para se ter ideia, a Ethereum, principal moeda utilizada pelos pontos de venda de NFTs, pode gastar até 48 kilowatt/hora por operação feita. Isso equivale ao consumo mensal de 30 minutos diários de um chuveiro com cerca de 3500W de potência – valor que, quando consideramos que o mercado de criptomoedas faz mais de mil operações por dia, pode ser preocupante.
Em geral, para manter o mercado de criptomoedas (e de NFTs) em funcionamento, são necessárias diversas máquinas em conexão constante. Quanto mais servidores estiverem conectados a uma rede de energia poluente, maiores serão os danos causados por ela ao meio ambiente. Quando consideramos o consumo global de criptomoedas, que está em crescente, isso aumenta exponencialmente a emissão geral de CO2 no mundo.
2. Envolve altos gastos de água
Mais do que apenas fontes não-renováveis, alguns países – como o Brasil, por exemplo – têm grande parte de sua matriz energética feita por hidrelétricas. Esse tipo de fonte transforma a energia existente na correnteza dos rios em energia cinética, que é aquela ocasionada pela força de um movimento. Essa movimentação das águas movem as turbinas das hidrelétricas – que, então, energizam um gerador para produzir luz.
O problema com esta forma de produzir energia é que o movimento das turbinas aquece a água, e isso provoca a evaporação de parte da mesma. Além disso, gera ainda o despejo da água quente no oceano, que extermina a vida marinha próxima, e também ocasiona problemas com a fauna e a flora próxima aos rios.
As criptomoedas e os NFTs entram nessa conta quando, ao demandar uma imensa rede de computadores consumindo a energia produzida por uma hidrelétrica, esse movimento incentiva diretamente essa evaporação da água. Isso porque esses servidores precisam de muita energia, o que exige bastante das usinas que as produzem.
3. Aumenta a rapidez da acidificação dos oceanos
O pH é uma escala de um a 14 utilizada para verificar se determinadas substâncias apresentam caráter ácido ou não. Numerações abaixo de sete são consideradas ácidas, enquanto as acima, básicas. O processo de acidificação dos oceanos ocorre justamente quando a água do mar começa a apresentar caráter ácido – isto é, o nível de pH começa a diminuir.
O problema é que essa acidificação não é provocada pela natureza. Ela teve início na revolução industrial, quando as indústrias passaram a emitir gases poluentes na atmosfera. Esse é o caso com o carbono emitido pelas redes de Internet conectadas a fontes não-renováveis de energia, por exemplo.
Hoje em dia, a mineração de criptomoedas promove a queda de pH nas moléculas de H2O porque a energia utilizada para ligar as redes de computadores, em sua grande maioria, provém de fontes poluentes. A emissão de carbono ocasionada pela mineração atinge o ar, que sofre dissolução nos oceanos, reage com a água e, então, diminui consideravelmente os níveis de pH até que ela se torna ácida. Essa acidez pode exterminar a fauna e a flora dos locais mais atingidos por ela, impactando, em cadeia, todo o ecossistema do planeta.
4. Tem consumo energético crescente
A mineração de criptomoedas, utilizadas nas transações de NFTs, é feita para exigir quantidades cada vez maiores de energia. Isso porque seu funcionamento aumenta sua complexidade em crescente, demandando cada vez mais potência das máquinas envolvidas.
Minerar significa registrar na Blockchain, tecnologia que funciona “um livro” de registros das transações financeiras de criptomoedas. Essas transações, por sua vez, são feitas em puzzles, que nada mais são do que problemas matemáticos. A resolução desse problema é efetuada de forma aleatória pelo computador. Assim, quanto mais potente for a sua máquina, mais facilmente ela resolve esses problemas – e mais mineração gera também.
5. Pode recrudescer o aquecimento global
O aquecimento global é um fenômeno ambiental caracterizado pelo aumento da temperatura média do planeta Terra. Em geral, ele acontece de forma natural, mas há algumas práticas humanas que recrudescem esse processo – como, por exemplo, a emissão de gases poluentes na atmosfera.
Com a emissão de carbono ocasionada pela mineração de criptomoedas, o gás sobe pela atmosfera e contribui para o efeito estufa – que, além de contribuir ao aquecimento global, também aumenta a acidificação dos oceanos. As emissões de CO2 lançadas no ar estimulam diretamente a intensificação do aquecimento global, aumentando mais rapidamente temperatura média do planeta.
Esse processo, quando feito de forma não natural, tem reação em cadeia no ecossistema global. Pode gerar não apenas queimadas, como também derretimento das calotas polares, desertificação do solo, e aumento do nível do mar, o que impacta tanto a vida animal quanto de plantas e de outros sistemas vivos.
Há maneiras dos NFTs serem sustentáveis?
Embora as empresas envolvidas estejam testando opções, – como o Ethereum 2.0, por exemplo – até o presente momento não há um método definitivo e completamente eficiente para minimizar e/ou erradicar os danos da mineração de criptomoedas. Contudo, é possível adotar algumas alternativas que podem ajudar a reduzir os problemas ocasionados por essas tecnologias.
A mais comum e de alcance para qualquer país é a taxação específica para o consumo de energia em mineração. Desse modo, as empresas de energia do país precisariam emitir uma taxa adicional de imposto para todo investidor que tinha grandes redes de computadores voltadas para mineração. Assim, com o alto custo para consumo de energia deste fim específico, o número de fazendas de mineração poderia cair.