Olhando para a necessidade urgente de se definir políticas para a transição energética no Brasil, o IE (Instituto de Engenharia) e a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) lançaram na última semana um documento intitulado Carta da Eletromobilidade.
Em linhas gerais, o documento conjunto vai além da questão mobilidade elétrica/carros elétricos e defende uma Política Nacional de Eletromobilidade como condição necessária a um novo a ciclo de desenvolvimento econômico e social do Brasil.
O documento é o resultado do 1º Debate Conjunto Instituto de Engenharia/ABVE, realizado no final de julho em São Paulo, sob tema: Eletromobilidade – O Brasil está Preparado para a Grande Mudança?
O encontro reuniu um time de especialistas em transporte renovável, energia e mobilidade sustentável, além de representantes de lideranças políticas e empresariais. A Carta avalia que a eletromobilidade “é a grande fronteira tecnológica da indústria global do século 21” – e que o Brasil não pode se desconectar dessa megatendência.
A ideia é organizar e coordenar os esforços para impulsionar a transição energética, olhando para um futuro de mobilidade elétrica e sustentável. Nesse caminho, estipular um planejamento que envolva governo, empresas e sociedade e insira o país no movimento global em termos de tecnologia, produção e infraestrutura.
“A eletrificação do transporte público, de passageiros e de carga é vital para renovar tecnologicamente a indústria brasileira, recuperar a competitividade de sua engenharia automotiva, reinserir o parque produtivo nacional nas cadeias produtivas globais e criar os empregos de qualidade das futuras gerações”.
“O Brasil está perdendo seu reconhecido protagonismo internacional no transporte e mobilidade sustentável, conquistado ao longo de 30 anos em razão da produção e uso de biocombustíveis, mas tem todas as condições de retomar essa liderança”.
Chile, Colômbia e México – tradicionais mercados de exportação da indústria brasileira de ônibus – estão hoje à frente do Brasil em eletrificação do transporte público.
O documento também destaca os pontos positivos nos quais o Brasil pode se apoiar para promover uma transição energética bem sucedida:
- Tem mais de 80% de sua matriz de geração de eletricidade renovável;
- Alto potencial de crescimento das fontes de energia eólica e solar;
- Tecnologia consolidada em biocombustíveis;
- Indústria de veículos e componentes já instalada;
- Consumidores e empresas sensíveis e amigáveis às novas tecnologias;
- Potencial para substituir a frota de ônibus e carga, principais poluidores, por veículos com tração elétrica.
A Carta da Eletromobilidade e o 1º Debate IE/ABVE sobre o tema são iniciativas patrocinadas e apoiadas por importantes empresas e entidades representativas. O documento é assinado pelo presidente do Instituto de Engenharia, Paulo Ferreira, e pelo presidente em exercício da ABVE, Antonio Calcagnotto.
Para maior visibilidade, a proposta para promover a mobilidade elétrica será encaminhada aos principais candidatos a presidente da República, governos estaduais e Congresso Nacional.