Os trabalhadores que vivem da coleta seletiva de recicláveis em Curitiba estão progressivamente deixando a informalidade e aumentando a própria renda. Desde janeiro, eles têm apoio do Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC), que a partir de um convênio com a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, passou a gerenciar o programa EcoCidadão. A parceria garante assessoria administrativa e financeira aos catadores e preços melhores pelos resíduos que coletam.
Criado em 2007, o programa EcoCidadão oferece aos catadores espaço adequado para manuseio e comercialização dos recicláveis. Com a assinatura do convênio, hoje o IPCC atua diretamente em 16 parques de recicláveis, fornecendo assessoria jurídica (abertura de conta corrente e CNPJ), alocando técnicos para orientar os associados e realizando o pagamento de despesas de custeio.
“Os parques do projeto funcionam como uma espécie de incubadora. O intuito é dar suporte para que, na formalidade e de maneira associada, os catadores consigam agregar um valor maior ao volume coletado”, explica o superintendente do IPCC, Gerson Guelmann. Todo o valor obtido nas transações comerciais que acontecem entre os parques de recicláveis e as empresas que adquirem os resíduos é integralmente dividido entre os catadores associados.
Anderson Lopes é um dos técnicos contratados pelo IPCC. Ele atua no parque Natureza Livre, no Uberaba. “Meu trabalho é dar assessoria administrativa, pedagógica e financeira para os trabalhadores. Procuramos capacitá-los e incentivar o desenvolvimento de suas potencialidades, mas sem decidir por eles, já que prevalece o princípio da autogestão”, afirma.
Foi exatamente isso que aconteceu com a presidente do Natureza Livre, Rosângela Ribeiro da Silva. Ela, que diz nunca ter imaginado ocupar um posto de comando, está no segundo mandato como presidente. “Virei um pouco administradora e um exemplo de paciência, já que o pessoal me procura para resolver tudo”, comenta.
Rosângela tira sua renda da reciclagem há 11 anos, mas há apenas quatro atua dentro de uma associação. Com a remuneração que tem com o trabalho, Rosângela adquiriu um terreno por meio do programa habitacional da Cohab e construiu sua casa, onde vive com o marido e o filho. “Você sabe o que é acordar todos os dias às 4 horas da manhã sem saber quanto irá ganhar no final do mês? Eu sei. Hoje, aqui no barracão, eu posso me organizar para alcançar uma meta de ganho mensal”, afirma.