A voz também precisa de repouso

A voz é produzida na laringe através da vibração das pregas/cordas vocais, que realizam seu movimento de acordo com o fluxo de ar que vem dos pulmões e com a ação dos músculos da laringe. De início o som é baixo e fraco, mas ao chegar nas cavidades de ressonância, como a faringe, a boca e o nariz, ele é ampliado e tem um maior alcance. Após essa amplificação, o som é articulado na cavidade oral por meio dos lábios, bochechas, língua, palato e mandíbula. ”Bem resumidamente, é esse o processo que a voz deve percorrer se não houver nenhum problema no meio do caminho”, explica Alexandre Cercal, Otorrinolaringologista, de Curitiba.
Tendo em vista a importância da voz, Cercal, que é membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, comenta que a falta de conhecimento de certos cuidados básicos para preservá-la pode ter como consequência o aparecimento de algumas doenças como, edemas, nódulos, pólipos, entre outras.
“São necessários alguns cuidados simples para evitar problemas como a rouquidão e até mesmo calos nas cordas vocais. Hidratação, exercícios regulares e o descanso são fundamentais para que a utilização da voz não se transforme em um problema de saúde”, destaca.
Se exigida demais, assim como ocorre com os músculos do corpo, a voz pode ficar ‘cansada’ e apresentar sinais de desgaste. “Quando o indivíduo sente que precisa fazer força para falar, por exemplo, é um sinal desse cansaço”, comenta Cercal. Segundo o especialista, é muito importante descansar após o uso prolongado da voz, ficando em silêncio por um tempo.
Aqueles que trabalham diariamente com a voz – cantores, atores, professores, repórteres, dubladores, vendedores, juízes, etc, – podem sentir com frequência os sintomas da disfonia, conhecida também como rouquidão. Ela pode ser ocasionada por uma disfunção, abuso vocal ou uso incorreto da voz – e é mais frequente em indivíduos que utilizam abundantemente a voz diariamente de uma forma incorreta.
Mas Cercal lembra que a rouquidão não é uma consequência natural e que, se algum indivíduo passar 15 dias ou mais com esse sintoma, deve procurar um médico. “Professores ou outros trabalhadores que tenham essa demanda vocal podem precisar de preparação para exercer sua atividade sem prejuízos para a saúde”. Quem fala muito em condições acústicas pouco favoráveis e sem orientação sobre uso vocal adequado corre o risco de sofrer com o problema.
realizar exercícios de aquecimento vocal orientados por um fonoaudiólogo, no momento que antecede o uso profissional da voz e desaquecimento logo após.
Além dos hábitos para preservar a voz, Cercal comenta também sobre aqueles que podem prejudicá-la, como gritar ou falar durante muito tempo, mudanças de temperatura ambiental bruscas, choque térmico com bebidas geladas, pigarrear ou tossir, exposição à poeira, gás e cheiros muito fortes, fumo, alimentos muito temperados e condimentados, alimentos achocolatados e derivados do leite.
Cercal lembra também que se a pessoa estiver resfriada ela não deve ‘trabalhar’ com a voz. “Sabemos que quando estamos resfriados, a cavidade nasal fica obstruída. Com isso, os sons nasais ficam impedidos de ser amplificados, causando sobrecarga nas cordas vocais”, completa o especialista.