“Francisca tornou-se o escudo que defendia Ronaldo da morte. Seu maior medo era que os traficantes o matassem. Foi esse o motivo que a levou fazer o que podia e o que não podia para defendê-lo. Se o filho recebia ameaças por não ter pago a droga que havia comprado, era ela quem tinha que correr atrás do prejuízo.”
Em Algemadas – A Trajetória de Mães que Adoeceram com a Dependência Química dos Filhos (Editora Íthala), os jornalistas paranaenses Milena Beduschi e Raphael Moroz relatam a história de Rute, Francisca, Cecília, Ligia, Sandra e Marli. Mulheres que têm em comum o fato de serem mães e reféns de filhos dependentes químicos. São histórias reais de mulheres que lidam com a culpa diariamente e que viram sua vida desabar por causa do vício de seus filhos.
O livro-reportagem, escrito com uma linguagem simples e direta, rapidamente envolve o leitor. Os primeiros capítulos trazem uma introdução aos temas do jornalismo literário, das drogas e da codependência. Os capítulos seguintes são dedicados às histórias emocionantes das seis mães entrevistadas pelos autores.
Os relatos mostram como essas mulheres passam a viver suas vidas com base nas necessidades dos filhos e como fazem de tudo para tentar salvá-los do vício. Muitas vezes, elas estabelecem uma relação doentia com o dependente, por isso são chamadas de codependentes. Desmotivadas e sem autoestima, elas também precisam de ajuda.
Acima de tudo, precisam entender a doença dos filhos e saber como se portar para que possam realmente tomar as atitudes corretas, por mais dolorosas que possam ser.
Mais do que narrar essas histórias, a intenção dos autores é abrir os olhos de quem vive em situação parecida, mostrando que atitudes como “tolerar” ou “ignorar” o vício de seus filhos podem prejudicar ainda mais a vida familiar. Proporcionando uma visão mais ampla e extremamente real sobre famílias que possuem dependentes químicos, o livro pretende prestar um serviço à nossa sociedade.