Automedicação gera sérios riscos à saúde como desmaios e perdas dos dentes

A saída encontrada por muitas pessoas quando sentem uma dor de dente é recorrer a um analgésico que carrega na bolsa ou está estocado em casa. No entanto, para minimizar o desconforto das doenças bucais a automedicação pode ser extremamente perigosa e trazer consequências irreversíveis.
A cirurgiã-dentista Maria Lucia Zarvos Varellis, conselheira do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), alerta que a dor é sempre sinal de que algo não está funcionando bem no organismo. “A automedicação não trata a causa e sim a consequência. Muitos dos tratamentos prescritos por pessoas não capacitadas podem ser perigosos, pois todo remédio pode apresentar efeitos colaterais indesejáveis e provocar problemas graves de saúde”, salienta.
Os analgésicos, muito utilizados para dores de dente, podem não ser específicos para o problema em questão, e não gerarão o alívio necessário. “Ou podem ainda ser demasiado forte para o caso”, diz a especialista.
Maria Lucia aponta que existem estudos que alertam para o risco de combinações de analgésicos com anti-inflamatórios. Muitas combinações podem trazer complicações para os rins, por exemplo. “No caso específico da dor de dente, ela pode ser desencadeada, por exemplo, por uma cárie e o analgésico não vai tratá-la. A dor só vai desaparecer quando a cárie for removida e o dente restaurado”, destaca.
Minimizando os sintomas do quadro, entra o outro perigo: como a doença entra em uma fase silenciosa a causa não tratada pode evoluir e culminar até na perda óssea e consequente perda do dente.
Há ainda os alertas para antibióticos, que muitas vezes são usados pelos dentistas para casos cirúrgicos. Neste caso, já é proibida a compra do medicamento sem a receita, mas há casos em que o paciente ingere o antibiótico mesmo sem prescrição. “A tetraciclina, por exemplo, quando ingerida na fase de formação dos dentes pode manchá-los”, enfatiza. Outro ponto de alerta são as suspensões extremamente doces com sacarose, que são mais facilmente aceitas pelas crianças e que aumentam a incidência de cárie. Já os medicamentos com alta acidez podem favorecer a desmineralização da estrutura dentária.