15 de junho, Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba notificou no ano passado 258 casos de violência contra idosos. O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi instituída em 2006, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, com o objetivo de criar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa e, simultaneamente, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003 para 2013 a expectativa de vida da população brasileira aumentou em três anos. Hoje em dia o brasileiro chega a viver, em média, 74,9 anos. “As pessoas estão vivendo mais, por isso devemos nos preocupar ainda mais com a sua saúde e segurança”, reflete Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Frischmann Aisengart .
De acordo com o especialista, para garantirmos o envelhecimento ativo, precisamos trabalhar intensamente em três pilares: saúde, participação e segurança. Na área da segurança, a tônica seria a prevenção da violência, a identificação e o encaminhamento correto de casos de violência e, em especial, o preparo às novas gerações com informações sobre o processo envelhecimento, tornando-as mais inclusivas.
Cechinel lembra que, quando se fala em violência, pensa-se apenas na violência física, que pode se apresentar com contusões, cortes, hematomas, queimaduras, fraturas. “Mas a gama de violência a qual o idoso está exposta é muito maior. Além da física, o idoso pode estar exposto à violência psicológica, sexual, financeira, abandono e negligência, que podem ser, inclusive, mais danosas”, reforça.
Segundo o médico, no que tange a violência, o idoso pode vivenciar desafios maiores, quando comparados a outras vitimas, o que o coloca numa situação de maior vulnerabilidade, como: dependência total ou parcial do agressor para os cuidados de vida diária, como refeições, mobilidade, acesso às medicações e dinheiro, maior incidência de transtornos de memória (Alzheimer), isolamento social, além do fato de coabitar com alguém com dependência de substâncias.
Cechinel descreve que a violência ocorre geralmente no ambiente doméstico. “Ainda que majoritariamente ocorra neste ambiente, não podemos minimizar a participação da sociedade como um todo, incluindo o Estado, quando se ausenta de cumprir a responsabilidade com infraestrutura e com os serviços de saúde, capazes de garantir uma velhice ativa e digna”, afirma.
O geriatra enfatiza que, embora o Estatuto do Idoso determine que os casos de suspeita ou confirmação de violência contra o idoso sejam obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde, isto ainda não ocorre, fazendo com que não haja notificação ou os casos sejam subnotificados e o idoso continue, silenciosamente, sofrendo sem também denunciar, pelo medo de perder totalmente os laços afetivos com a família, por vezes já fragilizados.
“O importante é denunciar sempre e não compactuar com a violência contra o idoso”, finaliza.

Foto: Divulgação.

Foto: Divulgação.