Brasileiras em Tel Aviv registram momentos de tensão e medo durante ataques a Israel

Apesar de viverem há anos em Israel, não há como se acostumar e deixar de temer o som dos alarmes, dos foguetes cruzando os céus e das explosões, muitas vezes nem tão distantes. Brasileiras que moram em Tel Aviv relatam noites em claro e a falta de tranquilidade desde que começou o conflito entre o país e o Hamas, movimento que controla a Palestina, há mais de uma semana.

Ainda que a grande maioria dos foguetes disparados contra o território israelense esteja sendo interceptada pelo Domo de Ferro, é possível ver seu brilho e ouvir as explosões, e o medo é real e constante.

Ceiça Cunha, de Natal, é casada com um israelense e vive há quatro anos no país. Ela diz que já soma quatro noites sem dormir, assustada com o som das sirenes de alerta. O lugar onde a família mora não tem um quarto antibomba, um cômodo fortificado existente em muitas residências do país, e por isso ela e o marido foram para a casa de seus sogros, em uma cidade a 18 km de distância, que possui essa construção. “Quando a sirene toca você tem um minuto e trinta segundos para descer para um lugar mais seguro”, explica.

Dona de uma creche e mãe de dois filhos, Kayna Larrat tem 43 anos e está em Israel desde 1998. Acordada pelas sirenes em uma noite que parecia mais calma, ela filmou com o celular seu percurso até o abrigo no subsolo do prédio onde mora. Enquanto descia as escadas, ia contando as explosões e, pelo som, calculando se haviam sido próximas dali. Embora ela mesmo chorasse, ainda tentava consolar a filha, muito assustada.

Situação parecida foi mostrada pela publicitária Aline Goffman, que tem 40 anos e está há nove anos no país. Ela também registrou imagens de quando buscava abrigo no local onde mora, com muitos vizinhos ainda na escadaria. Naquela noite, os alarmes acordaram sua filha de dois anos e meio, que chorava assustada pelo barulho e pela confusão. Ainda atordoada, Goffman pede a quem assiste ao vídeo: “Gente, rezem por nós, por favor. Rezem por nós. Pela paz, pela bondade”.

Ainda mais assustadora foi a experiência registrada pela baiana Ione Cristina Adir, de 43 anos, que chegou em Israel em 1999. Mesmo após se separar do primeiro marido, ela decidiu continuar no país, onde se casou novamente e teve uma filha, atualmente com sete anos.

As duas estavam na rua quando as sirenes tocaram e não conseguiram chegar a tempo em um abrigo. Com o celular, ela captou imagens de foguetes no céu, sendo interceptados pelo sistema antimísseis israelense. “Pronto, filha, acabou. Combateu o míssil, não vai cair na gente”, diz no vídeo, ao consolar a pequena Ana Yael, que chora com muito medo.