O custo do querosene de aviação é a principal causa do aumento do preço das passagens aéreas no último ano, diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Segundo ele, o combustível representa cerca de 42% do preço das passagens no Brasil, e a média mundial é 33%.
O preço das passagens aéreas foi debatido, em audiência pública da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados. Depois de 11 anos seguidos de queda nos preços das passagens aéreas, os valores aumentaram cerca de 4% no ano passado. Entre 2002 e 2013, houve redução de 44%. Segundo Sanovicz, a forma usada para calcular o preço do querosene de aviação leva em conta o custo do transporte do combustível por navio, mas muitas vezes esse transporte não é mais utilizado.
Sanovicz disse que, em alguns casos, é mais barato voar para outros países do que dentro do Brasil por causa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre o querosene de aviação, que varia de 12% a 25% de acordo com o estado. “Este não é um debate simples, precisa do Parlamento. Mas é fundamental revermos isso, porque está penalizando o consumidor, que quer que a passagem continue tendo queda no preço.”
O representante das companhias aéreas também explicou que a alta no preço das passagens para a Copa do Mundo, registrada no final do ano passado, ocorreu por causa do aumento da demanda e pela indefinição dos locais onde seriam os jogos. “Muitos dos operadores de agência, como não sabiam para onde iam, bloqueavam assentos para cinco ou seis destinos. Conforme vão se bloqueando os assentos, os preços vão subindo. Quando nos autorizaram a malha nova, foi verificado que durante a Copa o preço médio cai novamente”, disse Sanovicz.
Segundo o gerente de Análise Estatística da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Cristian Vieira dos Reis, as principais causas para o aumento das passagens no ano passado foram o preço do querosene de aviação e o câmbio.
Reis reconheceu que o setor passou anos sem receber investimentos, mas acredita que, com a concessão dos principais aeroportos à iniciativa privada, o quadro vai melhorar. “Estamos passando por uma fase de transição, por isso, podemos ter alguma turbulência. Depois que os tapumes forem retirados, poderemos observar todos os problemas sanados, com todos os investimentos previstos para os próximos anos.”