“Curitiba não tem bolha imobiliária”, diz especialista

“Bolha não murcha, simplesmente estoura”, contestou o consultor da Brain, Fábio Tadeu Araújo, na apresentação de dados do mercado imobiliário, organizada pelo Sistema Secovi, ontem em Curitiba. Durante o encontro, o economista desmistificou a possibilidade de haver uma bolha imobiliária em Curitiba e no Brasil, sobre lançamentos imobiliários e sobre os dados do Inpespar sobre a comercialização de usados e locação, para dezenas de representantes de imobiliárias. “As bolhas se comportam desta forma desde o século XVII, quando ocorreu o que ficou conhecido como a crise das tulipas, na Holanda”, explicou.
“Nossa intenção é munir os empresários do setor com essas informações importantes, para que possamos ir esclarecendo esses detalhes ao mercado, de que vivemos um período normal”, frisou o presidente do Secovi, Luis Antônio Laurentino. Segundo o dirigente, o setor imobiliário é cíclico. “Estamos observando um grande volume de entrega de lançamentos, teremos também os estoques de imóveis usados aumentados, mas com o mercado absorvendo a oferta, ou seja, continuamos sob a influência da velha lei de oferta e procura”, explicou o dirigente.

Fatores
Em sua apresentação, Araújo destacou cinco itens que descartam por completo a possibilidade de ocorrer a suposta bolha brasileira: o nível de emprego, o maior nos últimos quarenta anos; o crescente aumento de renda, que fechou em 8,6% no período de março de 2013 a fevereiro de 2014; o fato dos preços médios do metro quadrado no mercado brasileiro estarem quase a metade dos praticados nos demais países que tem similiaridade com a nossa realidade, incluindo a maioria dos que formam os BRICS; e, ainda, o correspondente ao comprometimento com crédito imobiliário em relação ao Produto Interno Bruto, que no Brasil está na casa de 8,2%, enquanto em países como o Reino Unido e os EUA apresentam respectivamente 83,7% e 76,1%.
O consultor também explicou uma diferença crucial entre o que vemos no Brasil, com relação ao crédito imobiliário, e o que ocorreu nos EUA e que ficou conhecido pelo mundo todo. “Nos Estados Unidos eles estavam financiando os imóveis em 120%”, disse. De acordo com ele, essa questão fez com que muitas pessoas, que acabaram se endividando, olhassem para o montante e, simplesmente, abandonassem suas dívidas.
Para o especialista, a questão do crédito imobiliário brasileiro é muito diferente, pois quem o utiliza, tem que entrar com um grande volume de dinheiro para concretizar o negócio, algo que está muito próximo dos 35% do valor do imóvel.
“Por isso, para o brasileiro, sai muito caro abandonar esse tipo de dívida, algo comprovado pelo percentual de inadimplência para deste tipo de crédito, como vemos é um número que apresentou pouca variação nos últimos anos e até dezembro de 2013 estava em 1,6%”, contou.

Investimento
Araújo, finalizando sua explanação, confirmou o que a prática de mercado mostrada há muitos anos. “Investir em imóveis é sempre um bom negócio”, frisou. De acordo com ele, não há outro tipo de investimento no mercado sem risco que apresente essa rentabilidade, atualmente 0,5% mais o IGPM ao mês.