Equipe de pesquisadores liderados pela oftalmologista Brenda Gallie, do Princess Margaret Cancer Centre, em Toronto (Canadá), descobriu um novo tipo de retinoblastoma – câncer ocular que acomete mais as crianças. Neste caso, o tumor maligno se desenvolve rapidamente entre bebês com menos de um ano. A importância do estudo está principalmente no fato de terem reconhecido que um único gene cancerígeno (oncogene) leva ao desenvolvimento desse tipo de retinoblastoma mesmo antes de a criança nascer.
“Essa pesquisa desafia o pensamento tradicional e a prática médica. O tipo comum de retinoblastoma tem início a partir do dano provocado às duas cópias do gene RB1. Como a predisposição à doença pode ser hereditária e inclusive atingir o outro olho da criança, conseguimos identificar o oncogene responsável por esse novo tipo de câncer ocular – que é bem maior que o comum.
Ao remover o olho que apresenta um tumor bastante grande em bebês jovens, acreditamos haver risco zero de o retinoblastoma se desenvolver no outro olho e ser transmitido aos futuros filhos e netos dessa criança. Trata-se de um grande avanço na medicina personalizada”, diz a doutora Brenda.
Os oncogenes são derivados de genes normais que levam a célula a uma divisão descontrolada, resultando em câncer. Do ponto de vista prático, o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, diz que é importante que os pais prestem muita atenção aos olhos do bebê. Além de levar a criança com menos de seis meses a um primeiro checkup oftalmológico, é importante notar alterações como um brilho amarelado ou esbranquiçado nos olhinhos. “Às vezes, por conta da rotina atribulada, é mais fácil os pais detectarem o problema através de fotos. Não raro, um olho aparece avermelhado, por causa do flash, e o outro esbranquiçado, mostrando que há algo de errado a ser investigado”.
De acordo com o médico, os pais devem estar sempre atentos a doenças oculares silenciosas que podem progredir rápida e agressivamente.
Seja através de fotos, seja em ambientes com baixa luminosidade, é possível detectar problemas a partir do brilho dos olhos. “Um brilho diferente pode ser sinal de retinoblastoma ou de infecções congênitas como a toxoplasmose, malformações retinianas, presença de diferença de graus ou miopia e astigmatismo acentuados. Uma em cada 80 crianças apresentará esse tipo de brilho em um ou em ambos os olhos. O importante é saber que em 80% dos casos é possível tratar a doença e evitar a perda da visão.”