Um balanço realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) este ano mostrou que em metade das casas brasileiras existe pelo menos uma pessoa que gasta mais do que deveria. A professora do UniBrasil Centro Universitário e economista, Franciele Lourenço, aponta que a maior dificuldade e índice de inadimplência é gerado pelo atraso de contas e pela própria falta de um planejamento financeiro. “As despesas com a casa e com alimentação são as que mais pesam no bolso. Aliadas ao exagero no consumo, acabam obrigando a fazer uso do cartão de crédito ou do cheque especial, colaborando para o aumento da inadimplência”, diz. Para a profissional, o recebimento do décimo terceiro pode ser um vilão se não houver planejamento, já que pode incentivar ainda mais os gastos.
Saber para aonde vai o dinheiro é o primeiro passo na gestão do orçamento. O publicitário Gabriel Cervi (25) descobriu isso ao sair da casa dos pais, há um ano. Casado e com uma filha pequena o profissional usufrui da tecnologia para monitorar a entrada e saída de recursos, além de saber com o que de fato está gastando. “Desde sempre controlo meus gastos e quanto consigo guardar. Descobri por meio de uma amiga como a tecnologia pode ser aliada neste aspecto. A maior diferença que senti após usar o aplicativo de gerenciamento financeiro é a facilidade de saber exatamente o quanto eu ganho, quanto eu gasto e no que gasto”, explica Gabriel.
A tendência em utilizar a tecnologia não apenas para o entretenimento, mas nas necessidades do dia a dia é cada vez maior. Com a chegada do final de ano – período em que as despesas residências não diminuem e os demais gastos aumentam – ela pode ser decisiva no controle de gastos para que 2018 não seja recepcionado como um ano “desesperador”. “Hoje em dia a tecnologia está bastante eficiente com gráficos e levantamentos de previsão de gastos dos períodos seguintes. Temos apps como o das “Minhas economias” e o “Money care” em versões gratuitas que se tornam bem úteis”, recomenda a economista Franciele.
Tecnologia e educação financeira estão entre os fatores de motivação para Fernando Simões criar a ContaVip. A startup investiu em uma plataforma digital e cartão pré-pago para pessoa física que contribuem na gestão financeira. Para utilizá-los, o titular da conta deve transferir a quantia desejada anteriormente. “Em um mercado de economia oscilante, a opção é assertiva para quem deseja organização e controle financeiro. Ao invés de oferecer crédito e em contrapartida exigir a cobrança de altas taxas, nossos clientes podem se doutrinar, sem pagar por isso”, comenta o CEO. O cartão é aceito no Brasil e exterior. Na conta digital, sem taxas de manutenção, é possível fazer todas as transações, saber quanto entra e quando sai, e ter acesso ao custo de cada operação com total transparência. A abertura também é online e dispensa aprovação no SPC ou Serasa. “Os usuários poderão desfrutar de um serviço de qualidade, com total segurança e dados criptografados, além de custo reduzido, com a cobrança apenas dos serviços que utilizarem efetivamente, como pagar boletos, realizar transferências bancárias para qualquer instituição e carregar cartões pré-pagos internacionais. A tabela de tarifas ainda pode ser acessada logo na página inicial do site, que conforme relatou Simões, tem local estratégico para ser transparente com os clientes”, diz Fernando.
Segundo o coordenador do curso de Sistemas de Informação do UniBrasil, Martin Moraes, a tecnologia só é aliada quando as pessoas conseguem aplica-la de fato em sua vida. “O conceito de app traz um diferencial agregado que é a usabilidade de acordo com o perfil do usuário. O que difere tantos aplicativos disponíveis no mercado é a forma como interagem com as pessoas. Por exemplo, aqueles que são vinculados com a conta corrente e cartão de crédito, muitas vezes conseguem mostrar os gastos por grupo. É preciso achar a ferramenta certa”, pondera. Para ele, a tecnologia é facilitadora de hábitos, mas não faz milagre na gestão das finanças. “Primeiramente o usuário tem que querer economizar”, aconselha.
A economista Franciele sugere que a tecnologia pode ser grande aliada para o controle de despesas, principalmente nos próximos meses. “Vale ir em busca de soluções que ajudem na economia, levando em consideração a acessibilidade. É importante detalhar suas despesas e organizar por importância, prazo de pagamento, imposição ou não de juros – priorizando assim os gastos primordiais”, exemplifica. Já como dicas para organizar o orçamento, Franciele revela que não tem escapatória. “Primeiro preocupar-se com os gastos fixos, aliando-os com a receita, sem esquecer de montar um pré-orçamento, impondo metas e pensando na inflação, nos tributos, juros e situações imprevisíveis, tal como a impulsividade, a perda do emprego, fazer novas dívidas. E, não esqueça de pensar em novas alternativas para ampliar sua renda”, finaliza.
Como escolher uma opção de gerenciamento financeiro de acordo com o coordenador do curso de Sistemas de Informação do UniBrasil, Martin Moraes:
- Aplicativos que fazem projeções, por exemplo mostrem a economia a longo prazo, são estimulantes.
- A tecnologia tem que ser compatível com o perfil e necessidade do usuário. Escolha uma opção que seja funcional, fácil, e permita enxergar gastos em grupos (alimentação, residência, educação, etc.).
- Opte por tecnologias que exijam senhas e tenham dados criptografados. Assim é possível se prevenir quanto ao roubo do aparelho eletrônico ou invasão de banco de dados.
- Avaliação do aplicativo na loja online, resumo e comentários de outros usuários também devem ser levados em consideração.
- Por fim, se o aplicativo ou sistema utilizado for pago, é importante estar atento a forma de pagamento, período e valor.