Diferenças entre doenças genéticas e hereditárias

todas-as-doencas-devem-ser-diagnosticadas-tratadas-por-um-profissional-especializado-1318507831Herdamos dos nossos pais um código, o DNA, que carrega toda nossa informação genética. É ele que diferencia uma pessoa e outra, desde a cor dos olhos até a suscetibilidade para doenças. Neste cenário, há quem diga que ao apresentar alguma patologia, a herança também é da família. Mas não é bem assim.

De acordo com a médica Bianca Bianco, geneticista parceira da Criogênesis, é importante que as pessoas compreendam que doença genética não é sinônimo de doença hereditária. “Todas as doenças hereditárias são genéticas, mas nem todas as doenças genéticas são hereditárias. Isso acontece porque as doenças genéticas são desenvolvidas a partir de um erro no material genético que podem aparecer pela primeira vez na família, como a síndrome de Down. Já as doenças hereditárias mostram a tendência de uma pessoa ter o problema, mas isso não quer dizer obrigatoriamente que ela terá. Por exemplo, se na família do pai e da mãe existem casos de diabetes, hipertensão, é mais provável que o filho possa ter essas doenças. Por outro lado, a probabilidade de elas se manifestarem também pode depender da interação com o ambiente e hábitos”.

Com o avanço da medicina, surgiram meios de tornar a manifestação dessas doenças menos graves ou mantê-las sob controle.  Um deles é o aconselhamento genético, que busca não só identificar as possíveis doenças hereditárias como orientar a família diante de resultados. “Um importante avanço da medicina, o aconselhamento genético é uma consulta na qual são avaliados os riscos hereditários associados às condições genéticas. Essa consulta pode ser realizada em três situações principais: fase reprodutiva ou pré-natal (quando são detectadas malformações e síndromes durante a gestação), ou para prevenção de doenças genética que já exista naquela família, como o diagnóstico genético pré-implantacional, por exemplo, após o nascimento e em casos de câncer hereditário”, destaca a geneticista.

CÂNCER: HEREDITÁRIO OU GENÉTICO?

Uma das doenças que mais gera dúvida sobre seu caráter é o câncer. Isso porque   a doença tem uma base genética, mas as alterações gênicas envolvidas no câncer ocorrem de forma hereditária em alguns casos, como explica Bianca: “grande parte das ocorrências de câncer deve-se a exposições ambientais, ou seja, alterações genéticas que as células sofrem ao longo da vida, mas que não são hereditárias. No entanto, em média 5% a 10% das ocorrências de alguns tipos de câncer na população são de caráter hereditário, frequentemente associado aos tumores de câncer de mama, câncer de cólon e reto e câncer de ovário. Importante lembrar, no entanto, que nem todo indivíduo que herda uma predisposição genética irá desenvolver a doença”.

Para os futuros papais com casos de câncer na família, uma opção preventiva é o congelamento do sangue presente no cordão umbilical. “As células-tronco são usadas para recuperar o sistema hematopoiético (responsável pela fabricação das células sanguíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia e/ou à radioterapia. Nessas situações, a infusão é vital, uma vez que esses tratamentos também destroem o tecido que produz o sangue do paciente”, pontua.  É importante destacar que as células-tronco, além de serem compatíveis com o próprio bebê, possuem uma chance elevada de compatibilidade entre irmãos. “Com as células criopreservadas, há maior rapidez no tratamento e, após o transplante, há a diminuição dos riscos de rejeição e efeitos colaterais. Além disso, durante a estocagem as células ficam protegidas de ações ambientais”, pontua Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP.