Quase metade da renda das famílias brasileiras está comprometida com dívidas, segundo dados do Banco Central. O endividamento das famílias chegou a 46,3% em abril, o maior percentual desde o início da pesquisa, em 2005. O BC destaca, no entanto, que a série foi recalculada em março. A conta considera o total das dívidas das famílias em relação à renda acumulada nos últimos 12 meses.
Tirando da conta o crédito habitacional, no entanto, essa parcela de endividamento cai para 27,61%, e vem recuando desde janeiro, quando estava em 27,94% – o que sugere que é a compra da casa própria que vem puxando o endividamento das famílias este ano. Sem essa fatia, o endividamento também é o menor desde 2009.
Os dados do Banco Central também mostram que as famílias comprometeram, em abril, 21,98% da renda para pagar as dívidas daquele período. O chamado comprometimento da renda das famílias está praticamente estável desde fevereiro.
Especialistas recomendam usar restituição do IR para pagar dívidas
Os contemplados no primeiro lote de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) de 2015 e em lotes residuais de 2008 a 2014, eles receberão R$ 2,4 bilhões do Fisco. Em tempos de incertezas provocadas pelo aumento do desemprego e do encarecimento das dívidas por causa dos juros altos, a recomendação é usar o dinheiro para quitar dívidas e poupar o que sobrar.
De acordo com os especialistas, a preferência deve ser dada às dívidas com juros mais altos. Em primeiro lugar, vem o cartão de crédito, cujas taxas ultrapassam 300% ao ano e estão no maior nível em 16 anos.
Em seguida, vem o cheque especial, com juros em torno de 210% ao ano.
“O primeiro conselho a quem receber a restituição é pôr a vida financeira em dia e livrar-se do máximo de dívidas que puder. A prioridade deve ser dada a dívidas de maior custo, como o cheque especial e o cartão de crédito rotativo”, diz o professor do Ibmec, Gilberto Braga.
Outra vantagem da restituição é o aumento no poder de renegociação de dívidas em atraso. Ao procurar a instituição financeira, explica Braga, o consumidor pode oferecer o dinheiro da restituição como sinal de que está comprometido a se livrar dos débitos, conseguindo descontos ainda maiores do que se simplesmente fosse renegociar as parcelas.
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