Cidadãos haitianos encontraram na construção de 895 moradias na região norte de Curitiba a oportunidade de trabalho que procuravam no Brasil. São 21 trabalhadores que representam quase 10% dos 230 operários que atuam nas obras dos Residenciais Pinheiros, Paineiras, Cedros e Figueiras, no bairro Cachoeira, conjuntos que fazem parte do programa habitacional do Município. As unidades estão sendo construídas com recursos do programa Minha Casa Minha Vida e serão destinadas para famílias da faixa 1 do programa (renda até R$ 1,6 mil) e também da faixa 2 (renda entre R$ 1,6 mil e R$ 3,275 mil).
Desde 2010, quando um forte terremoto devastou o país caribenho, o fluxo migratório de haitianos para o Brasil cresceu bastante, que vêm em busca de trabalho e melhores salários. Segundo dados do Ministério da Justiça, são mais de 21 mil trabalhando em situação regular no país. Em Curitiba, de acordo com estudo da Pastoral do Migrante, 2 mil haitianos estão ganhando a vida, principalmente na construção civil.
Wid Saint Louis, 24 anos, chegou ao Brasil pelo Acre há nove meses. Desde a semana passada está trabalhando como servente de pedreiro na construção do Residencial Cedros. No Haiti ele concluiu o curso de eletricista, porém o diploma não tem validade aqui. “Esta é das maiores dificuldades. Os cursos que fizemos lá não valem nada aqui”, afirma em português truncado.
Entre os 21 haitianos do canteiro de obras, além do eletricista Wid há bombeiro, carpinteiro, pintor, entre outros profissionais, contudo, aqui todos começam como serventes. “Para acomodá-los em outras funções eles precisam passar por uma fase de experiência de três meses, período em que deverão mostrar que são aptos para o trabalho em questão”, explica Eduardo Sanches, um dos engenheiros da empresa responsável pelas obras.
Sanches afirma que a empresa vai oferecer treinamentos práticos para aqueles que desejarem ocupar outras funções. “Vamos ensinar a mexer com hidráulica, elétrica e alvenaria. Eles são muito dedicados, estão aqui para aprender e trabalhar. Não fazem corpo mole”, conta.
O principal obstáculo é a comunicação, pois no Haiti eles falam francês e crioulo. No canteiro de obras Wid está entre os que melhor entendem o português, mas ainda encontra dificuldades para se expressar. Assim como os demais, ele envia parte do que ganha para os familiares que ficaram na terra natal. “Estamos aqui para ajudar nossas famílias que ficaram lá”, diz Wid.