Investidores recuam em mercados de rápido crescimento

A fraca recuperação do comércio e dos investimentos nos mercados de rápido crescimento manterão o cenário retraído ao longo de 2013. Esta é a conclusão do relatório trimestral da EY chamado Rapid-Growth Markets Forecast (RGMF).
Nas últimas semanas, foi possível testemunhar uma reviravolta nos fluxos de investimentos dos mercados maduros para aqueles em rápido crescimento, conforme os investidores reavaliaram os riscos relativos à prospecção nos mercados maduros. As preocupações residem no fato de que os novos investimentos estão sofrendo e o ritmo das reformas econômicas é lento.
Estes obstáculos detiveram as expectativas de crescimento de curto prazo dos emergentes. Como resultado, as previsões dão conta de uma lenta recuperação, com crescimento esperado de 4,6% em 2013, índice similar a 2012. No entanto, os principais vetores de crescimento nos mercados emergentes permanecem intactos. No médio prazo, eles crescerão a aproximadamente 6% em 2015-16, muito além das economias desenvolvidas.
Embora o crescimento mais lento do que a expectativa na China impacte certos mercados asiáticos, outros como Indonésia e Vietnã, seguem avançando, enquanto Chile e Colômbia tendem a registrar um bom desempenho na América Latina. No entanto, os países dos BRICs e Europa devem experimentar um crescimento mais moderado, por conta da recessão na Zona do Euro.
Rajiv Memani, líder do Comitê de Mercados Emergentes da EY, afirma que “apesar de um período de confiança crescente no avanço das perspectivas para a economia global, parece que a era de turbulências e imprevisibilidade ainda não ficou para trás. No curto prazo, acreditamos que as perspectivas de crescimento para os mercados emergentes estarão retraídas, no entanto, há notícias melhores sobre o médio prazo, quando o desenvolvimento será conduzido pela expansão da classe média e o amadurecimento dos fluxos de comércio entre os países emergentes”.
Rain Newton-Smith, consultor econômico sênior do relatório Rapid-Growth Markets Forecast, diz que “Talvez a maior surpresa do primeiro semestre de 2013 tenha sido a fraca recuperação no comércio e nos investimentos, e seus impactos nos mercados emergentes. Precaução é a palavra de ordem. O crescimento esse ano será decepcionante com o crescimento real adiado para 2014”.
A desvalorização persistente de uma moeda pode indicar alta inflação (com altos preços dos importados, como no caso da Índia), o que retrai a atividade econômica. Mas também torna as exportações mais competitivas e pode ser um estímulo ao avanço do comércio mundial.
O setor industrial no Brasil, por exemplo, tem lutado nos últimos anos contra questões relacionadas à competitividade, em parte causadas por um câmbio supervalorizado. No entanto, a recente depreciação do Real pode ajudar a tornar o país mais competitivo e estimular a inovação na indústria.
No México, o setor industrial, por outro lado, é muito mais competitivo. Assim, conseguiram expandir rapidamente suas exportações de produtos de alto valor agregado, como carros. Apesar de o México ter enfrentado bem a crise global em 2011 e 2012, o país tem sido afetado mais recentemente pela retração dos fluxos internacionais de comércio.
Já a economia indiana permanece retraída e o desempenho frágil do setor industrial dão sinais de continuidade nos próximos meses. No entanto, a recente redução de tarifas pode ajudar na recuperação da atividade no segundo semestre de 2013, levando a um crescimento próximo de 7,5% em 2015-16.
Crescimento abaixo do esperado na China e os impactos nos emergentes asiáticos
Os indicadores de investimentos das maiores economias se mostraram relativamente estáveis nos últimos meses, assim como o comércio internacional. Enquanto a demanda em algumas economias desenvolvidas tem se mantido razoavelmente bem, em alguns países emergentes importantes, a demanda doméstica fraquejou. Os fluxos comerciais, particularmente na Ásia, têm sido mais fracos do que o previsto no segundo trimestre de 2013.
Com a desaceleração econômica mais grave do que o esperado, principalmente na China, há sérios impactos para outros países da Ásia e mundialmente – incluindo países mais sensíveis aos preços de commodities que atendem a demanda chinesa. O relatório RGMF reduziu as previsões de crescimento do PIB chinês para 7,5% esse ano, ante uma previsão anterior de 8% apontada no último relatório. No entanto, o padrão de crescimento está mais balanceado, com o consumo contribuindo com mais da metade de todo o crescimento da China no primeiro trimestre d e2013. Esse fator deve beneficiar países como o Vietnã, uma vez que eles podem atender a crescente demanda de consumo do país vizinho.
Se a demanda chinesa diminuir consideravelmente, ela pode impactar muitas economias, incluindo a do Brasil e Índia, onde há o risco de as reformas estruturais desacelerarem.