Um acidente de carro junto com a avó, a irmã mais velha e o irmão mais novo, próximo a Joinville, no Norte catarinense, quando a família se mudava de Curitiba para Florianópolis, marcou o rosto da menina de nove anos, que cresceu admirando o mundo da moda, mas sem alimentar o sonho de fazer parte dele.
Hoje, aos 23, foram justamente aquelas marcas que a alçaram à então improvável – e comentada – carreira de modelo. O assunto rendeu até entrevista no “Fala Brasil” da última terça-feira (15).
Giulia Dias estava sendo preparada pela agenciadora Andréa Damiani, que já a conhecia fazia um bom tempo, desde o ano passado, quando radicalizou o visual: raspou e descoloriu os cabelos castanhos claros, expondo de vez a cicatriz.
Estudante de secretariado executivo na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e de relações internacionais na Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), área que pretende atuar no futuro, ela está estourando pelo país na campanha de uma gigante dos cosméticos.
Além deste, a bela de 1,75 metro e chamativos olhos azuis já participou de outros trabalhos nacionais, e há mais sendo executados ou engatilhados pra breve.
Ao contrário do comum a muitas modelos, Giulia não tem preocupação em praticar atividades de risco, como se aventurar sempre que pode sobre a prancha de um skate, esporte que seus pais transformaram em marca e loja quando ela era criança.
Nunca tive problema com minhas cicatrizes. Mas, de forma involuntária, usava muito o cabelo no rosto. Quando raspei, no começo da pandemia, foi uma libertação total de crenças limitantes. Acho que o que motivou foi a incerteza do que estava por vir e uma inquietação interna com o que estava acontecendo no momento. Foi maravilhoso, uma sensação de libertação total, me senti mais empoderada, segura de mim mesma e mais resiliente ainda!
Ser modelo era um desejo de menina que, talvez, consideravas impossível?
Sempre fui apaixonada pela moda. Desde criança, achava algo glamuroso. Era mais um sonho do que desejo, porque acreditava que esse mundo não tinha espaço para mim, por não ter um corpo “padrão” e ter as cicatrizes.
Eu sempre tive comigo que o meu propósito de vida era algo grande, e que em um momento iria descobrir o que seria, mas nunca pensei que fosse como modelo. Agora, vejo que as cicatrizes me trouxeram em um patamar da minha vida que estou influenciando e representando muitas pessoas, e estou bem feliz!
Como a oportunidade de modelar chegou?
A Andréa Damiani entrou em contato comigo no começo da pandemia porque estava abrindo a agência digital dela, e me chamou para participar do casting. Eu aceitei, mas disse que ia raspar o cabelo antes, e ela amou. Começamos a trabalhar juntas e, em seguida, ela me apresentou para a minha agência de São Paulo, a Way.
A repercussão está muito boa. Recebo muitas mensagens de pessoas falando como se sentem inspiradas em mim e representadas. Eu fico muito feliz. Não estou assustada, acho que a ficha tá caindo ainda.
Quais foram os teus trabalhos até agora?
Eu comecei com uma marca local de Floripa, de lingeries, a Violet. Em seguida, fui pegando alguns trabalhos mais fotográficos. Aí, fiz uma campanha para a Dakota Calçados e duas para a Avon. Recentemente, fiz RCHLO (Riachuelo)/Midway e, em Brusque, fotografei para a Booq.