Depois de 57 anos a frente da Casa Éco Ferro Velho, Hércules Gregório Gaio, o “Seu Éco”, se prepara para a aposentadoria. Aos 72 anos, o empresário, que começou no ramo de sucatas aos 13, ajudando o padrasto em um ferro velho no centro de Curitiba, está se despedindo da rotina diária a frente de seu empreendimento até o final deste ano.
A qualquer hora do dia, todos os dias, Éco está no ferro velho. No melhor estilo “o olho do dono que engorda o boi”, o empresário faz questão de estar por dentro de tudo que acontece na Casa Éco, desde notas fiscais, recebimento de peças, concertos de motos e, claro, muita atenção com cada cliente que chega ao local.
Com um estoque de mais de duas mil motos, todas baixadas (que não têm mais permissão para circular, oriundas de leilões do Governo), e coisas inusitadas, como dois biarticulados e um avião, a Casa Éco passará a ser propriedade do filho, que trabalha com reciclagem. Mas Éco, acredita que o filho não tem interesse em manter o negócio.
Com muito humor, Éco apresenta o ferro velho a todos que chegam ao local. E a primeira impressão é curiosa: quando se fala em ferro velho, a imagem de ambiente sujo e bagunçado é imediatamente associada. A Casa Éco é um ferro velho onde cada moto, cada peça, fica em um determinado local, tudo organizado em prateleiras, numerado e absolutamente limpo. “Eu digo que aqui não é um ferro velho, é uma oficina de concessionária de carros novos, tudo limpinho”, diz Éco, aos risos.
Éco gosta de destacar o quando organizado é seu ferro velho, inclusive na parte legal. “Tudo o que temos aqui, eu tenho nota fiscal. Qualquer veículo, moto, peça. Tudo!”, explica o empresário, mostrando o diferencial do seu empreendimento perante muitos do mesmo segmento famoso por irregularidades e polêmicas.
Natal
Nessa época do ano, Éco concilia a rotina no ferro velho com a divertida ação de Natal que o empresário realiza há anos no Centro de Curitiba: uma caravana, montada por um ônibus antigo e um caminhão com moto, avião e um pequeno trator na carreta, todos os veículos na cor amarela, com manequins de lojas de roupas vestidos de Papai e Mamãe Noel, circulam pelo Centro da cidade, distribuindo as tradicionais balinhas de amendoim aos funcionários das lojas, pessoas que circulam nas ruas.
Para Éco, essa ação é uma forma de demonstrar carinho, nessa época do ano tão festiva e cheia de sentimentos. “É impressionante como as pessoas correm para ver a caravana, ficam felizes. As pessoas são muito carentes de um agrado, sabe?”, analisa o dono da Casa Éco.
Humor: Manequins e avião
Além de limpo, o ambiente da Casa Éco é divertido. Seu Éco faz piada de tudo e todos, o tempo todo. E a cada passo, é possível encontrar um manequim, desses de lojas de roupas, com perucas, chapéu e roupas, em cima das motos. Alguns até com “caronas”. Tem manequins vestidos de motoboy, “caipirinha”, e principalmente, com os gorrinhos de Papai Noel. Tem uma maquina de costura no ferro velho, para fazer os ajustes dos “figurinos” dos manequins.
A Casa Éco fica na marginal da Linha Verde, no Guabirotuba. E quem passa pela frente do enorme terreno que ocupa o ferro velho, de longe, consegue ver um avião amarelo, bem no alto do local. Éco conta que o avião foi arrematado no segundo leilão da peça, já que o primeiro comprador não cumpriu com a promessa de pagamento. Por apenas R$ 5 mil, Éco levou o avião para o ferro velho e o transformou em referência para o espaço.
))) Franciele Lima