Mitos e verdades: o que faz o anestesista?

Beautiful patient receives anaesthetic in hospital

O anestesista participa de todo o processo de uma cirurgia? É alto o índice de mortalidade ao ser anestesiado? O anestesista é médico? Essas e outras perguntas são respondidas por especialista na área

Dentre as várias especialidades médicas, uma que é imprescindível em qualquer cirurgia e muitos outros procedimentos de saúde é a anestesia. Mas pouco se sabe sobre essa especialidade. Em geral, pensa-se que o médico anestesista apenas anestesia e pronto! O diretor técnico e anestesista da WMC, Dr. Wanderson Carvalho, organizador do 6º Encontro de Educação Continuada da WMC Anestesia – que ocorre em 27 de agosto, em São José dos Pinhais-PR, esclarece o que é mito e verdade sobre a profissão, que vai muito além de administrar anestésicos.

O anestesista faz o paciente adormecer durante um procedimento cirúrgico.

Dr. Wanderson Carvalho: Verdade em parte. O anestesista administra os anestésicos na dose certa para o paciente adormecer sem riscos durante as cirurgias, mas não só isso: é papel dele monitorar todos os sinais vitais do paciente, como batimentos cardíacos, respiração, pressão arterial, atividade cerebral e outras. Ele decide quais anestésicos e em que dose usar para que o paciente não sinta dor e mal-estar, sem colocar em risco a vida e as funções cognitivas (memória, atenção, linguagem, percepção e movimentos).

O anestesista só atua durante as cirurgias.

Dr. Wanderson Carvalho: Mito, a cirurgia é um dos momentos em que o anestesista atua, mas ele também realiza anestesias em exames de diagnóstico e até atende em consultório. Exames como tomografia, ressonância, endoscopia e todos os que podem necessitar de sedação, com a presença de um anestesista, são suas áreas de atuação.

O anestesista também é um especialista em técnicas de reanimação cardíaca e respiratória e atua como auxiliar no tratamento de dores crônicas, atendendo em consultório, inclusive para as consultas pré-anestésicas.

O anestesista não precisa ficar durante toda a cirurgia do paciente.

Dr. Wanderson Carvalho: Mito, o anestesista participa de todo o processo e mesmo antes e depois dele. A cada segundo de uma cirurgia, o anestesista fica atento aos batimentos cardíacos e à respiração do paciente: volume e frequência da respiração e concentração de oxigênio nos pulmões, às condições do sangue (pressão, volume circulando, Ph, oxigênio, gás carbônico), hidratação, temperatura, volume de urina e atividade do cérebro e dos músculos.

O paciente tem contato com o anestesista durante a cirurgia.

Dr. Wanderson Carvalho: Verdade em parte, pois o anestesista precisa acompanhar o paciente antes, durante e depois da cirurgia. A consulta pré-anestésica – avaliação pré-anestésica ou pré-anestésico – é um importante instrumento de segurança do paciente, garantido por lei em todo procedimento em que se faz necessária a presença de um anestesista.

No pré-anestésico, o médico anestesista avalia as condições clínicas do paciente, podendo solicitar exames complementares, além de lhe prestar orientação detalhada dos procedimentos antes, durante e depois da anestesia, incluindo o controle da ansiedade do paciente. Hoje há ainda a sala de recuperação pós-anestésica, onde fica um anestesista responsável por aguardar a recuperação segura e monitorizada do paciente.

O anestesista é um profissional técnico.

Dr. Wanderson Carvalho: O anestesista é um médico formado por faculdade de Medicina, treinado e especializado em cursos específicos, com muitas horas de aulas teóricas e práticas e, no Brasil, credenciado pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

Há muitos casos de morte por anestesia.

Dr. Wanderson Carvalho: Não é verdade. Com o avanço da tecnologia e a especialização dos médicos anestesistas, o risco de morte em decorrência de anestesia é muito baixo.

Antigamente, pouco se fazia em gestão de riscos e acompanhamento de eventos adversos, e o bem-estar do paciente também não era muito levado em conta, assim como controle da dor e de náuseas e vômitos.

Tudo era feito com base em observação. Só se percebia algo errado quando o sangue escurecia ou quando o coração parava. Enquanto o cirurgião operava, um funcionário treinado, que não era médico, observava e injetava as medicações necessárias.

A principal preocupação do médico anestesista, sobre a qual incidem seus principais esforços, é a segurança e o bem-estar do paciente antes, durante e depois do procedimento.