Depois que o cantor Harry Styles apareceu em uma apresentação usando um cardigã de crochê com várias cores, a peça se tornou instantaneamente um item de desejo e pipocou por toda parte nas redes sociais. O casaco, do estilista JW Anderson, obteve mais de 60 milhões de visualizações na hashtag #HarryStylesCardigan no TikTok
Depois disso, não demorou para surgirem tutoriais para fazer a peça em casa, acendendo o interesse das novas gerações pelo crochê, uma técnica que até então era tida como um gosto restrito aos mais velhos. Para falar sobre essa moda que perdura,
Patricia Depieri Parsequian, criadora e fundadora da marca Crochet com a Paty, compartilha suas percepções
“Acredito que o fato que levou os jovens a despertar o interesse sobre o mercado do crochê foi justamente o surgimento no mundo fashion. O crochê não só entrou para esse mundo, como se tornou tendência. Hoje as trends chegam mais rápido na sociedade, principalmente em jovens, com o acesso a mídias sociais. E jovem segue tendência fielmente”, pontua ela
Falando em retrospecto, Patrícia relembra que “por muito tempo esse mercado ficou voltado para decoração, os produtos de crochê apareciam nos mais diversos ambientes de casa: na cozinha, a capa para galão de água, nos quartos, o tapete, na sala, os caminhos de mesa”
Mais do que copiar o casaco do cantor, muitas pessoas fizeram da técnica um verdadeiro hobby e a artesã acredita que a quarentena teve seu impacto nisso. “É uma arte que pode ser feita em casa, em isolamento. Existem muitos tutoriais disponíveis na rede para aprender, o que levou também ao aumento da oferta no mercado, pois é um trabalho com pouco investimento e que pode ser muito bem monetizado”, destacou
Com isso, outros itens como bolsas e moda praia se tornaram muito procurados. Por exemplo, a influencer Flávia Pavanelli que apostou em um biquíni de crochê nas Maldivas. Além da versatilidade, a arte chama atenção pela sua característica sustentável, já que as peças antigas podem ser desfeitas e a lã reaproveitada para confecção de novos itens
“Este é um mercado muito saudável para o ambiente”, explica Patrícia. “O trabalho é 100% manual, o processo produtivo não tem impacto nenhum ao ambiente e o material pode ser reutilizado. E quando falamos reutilizado, estamos dizendo em transformar a peça em outra peça tão legal e charmosa quanto, e não em apenas uma reciclagem”
Mais do que isso, Patrícia comenta que as peças de crochê, quando bem conservadas, podem durar para sempre e dificilmente serão descartadas. “Ou seja, menos lixo e menos impacto no meio ambiente”, duas coisas com que os jovens têm se preocupado cada vez mais
Em suas vendas, Patrícia estende os cuidados ao meio ambiente até às embalagens. “Não faria sentido ter todo esse processo sustentável e utilizar plásticos para entregar, então, no lugar de sacolas, utilizamos ecobags”, comenta ela.
Para quem quer se aventurar nesse mundo, ela dá uma dica valiosa: “o ideal é utilizar um fio de médio para grosso, com uma agulha adequada. Trabalhar com os 2 pontos básicos, alto e/ou baixo. Comece com peças retas, como golas, cachecol, tapete ou almofadas”, ensina Patrícia. E aí, pronta para tentar?