No mês passado, cientistas descobriram que pesadelos regulares na infância pode ser um sinal de alerta precoce de transtornos psicóticos anos depois. O estudo, publicado na revista Sleep, acompanhou 6,8 mil pequenos e descobriu que aqueles com sonhos ruins frequentes (duas a três vezes por semana), entre 2 e 7 anos, eram três vezes e meia mais propensos a ter uma experiência psicótica, como alucinações ou ouvir vozes, na adolescência.
As pessoas sonham durante o estágio conhecido como movimento rápido dos olhos (REM), que ocorre, em média, quatro a cinco vezes por noite. E muitos problemas médicos causam perturbações no sono, o que significa que é mais provável acordar durante a fase REM e lembrar-se que teve um pesadelo, segundo Nicholas Oscroft, pesquisador do sono e cardiologista no Hospital Papworth, em Cambridge, Inglaterra.
Pesadelos regulares podem, por exemplo, ser um sinal de apneia do sono, que faz com que a respiração pare temporariamente devido a vias aéreas obstruídas. Um estudo de 2011 realizado pela Universidade de Swansea, no Reino Unido, avaliou o conteúdo do sonho de 47 homens com apneia do sono. Aqueles com sintomas mais graves relataram mais pesadelos “emocionalmente negativos e desagradáveis”.
Qualquer tipo de infecção, de gripe grave a um problema nos rins, pode tornar pesadelos mais prováveis, disse o professor de neurologia Patrick McNamara, da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos. É que durante o sono não-REM, de ondas lentas, o sistema imune é reparado e reforçado. “Quando temos uma infecção, com ou sem febre, o corpo precisa mais de sono de ondas lentas. Isso atrasa o ponto no qual entramos no sono REM, o que pode levar a pesadelos ou sonhos vívidos bizarros”, explicou.
Pesadelos violentos frequentes podem ser um indicador precoce da doença de Parkinson, anterior ao aparecimento dos sintomas por até uma década, segundo o neurologista Robert Brenner, do Hospital Spire Bushey, na Inglaterra. Parkinson é uma doença neurológica que causa tremores musculares, rigidez e fraqueza. “O conteúdo dos sonhos de alguns pacientes é quase sempre o mesmo.
Eles estão sendo perseguidos ou atacados e muitas vezes agem fora dos pesadelos, reagindo com socos e pontapés, e tendem a se machucar ou machucar seus parceiros”, disse o médico.
Isso ocorre porque 15% dos pacientes que desenvolvem Parkinson têm distúrbio comportamental do sono REM, o que significa que não estão paralisados durante essa fase do sono, e podem mover-se durante os pesadelos. Um estudo, publicado na revista Neurology em 1996, descobriu que 38% dos pacientes com pesadelos frequentes de distúrbio comportamental do sono REM desenvolveram Parkinson, em média, 12,7 anos depois que começaram a experimentá-los.