Um estudo realizado no Brasil demonstrou que em 41% das mulheres que têm diabetes foi detectada doença isquêmica do coração (DIC) – tipo que mais mata mulheres na América Latina. Além disso, são, frequentemente, doenças silenciosas: 50% das mulheres analisadas no estudo tinham DIC sem apresentar as clássicas dores no peito, chamado angina típica, o que é considerado um sinal de alarme importante. “É impressionante, como normalmente não havia queixa de angina típica. Fato que nos faz pensar sobre novas estratégias na avaliação de pacientes sem sintomas típicos, para prevenirmos de forma mais eficaz infarto do miocárdio e morte súbita”, avalia o cardiologista nuclear João V. Vítola, responsável pela condução do estudo.
Os dados foram processados com base em 10 anos de registros de exames de 41.671 pacientes da Quanta Diagnóstico e Terapia, em Curitiba. Entre esses pacientes, 44,7%, cerca de 18.600, são mulheres. O estudo foi publicado no mês de fevereiro na revista científica Current Cardiovascular Imaging Reports, que apresenta avanços internacionais na área de diagnóstico por imagem em medicina cardiovascular. “Por meio do exame diagnóstico SPECT MPI (Tomografia computadorizada por emissão de fóton único com cintilografia de perfusão miocárdica), são demonstrados quais as variáveis mais úteis para identificar pacientes com maior risco de infarto ou morte súbita e orientar a prevenção e o tratamento mais adequado para pacientes que vivem nessa parte do mundo”, afirma Vítola, que também é o diretor da Quanta Diagnóstico e Terapia.
Ele conta que é provável que a incidência de problemas cardíacos e mortalidade por DIC na América Latina aumente ainda mais por causa do envelhecimento da população e pelo crescente número de casos de diabetes resultante da adoção do estilo de vida moderno.
Um agravante para as mulheres é que tendem a ser mais idosas que os homens no momento do diagnóstico e a ter doenças arteriais coronarianas mais avançadas. “Talvez por este motivo, costumam ter mais complicações que os homens após infarto do miocárdio e cirurgia de revascularização para implante de pontes”, explica Vítola.