Pesquisadores internacionais publicam manifesto defendendo serviço público de Internet

Um grupo internacional de 200 especialistas lançou nesta quinta-feira, 17, um manifesto defendendo um serviço público de Internet e o fortalecimento dos serviços públicos de mídia.

Os pesquisadores apontam que a estrutura atual da rede mundial de computadores, comandada por plataformas comerciais, afeta diretamente a democracia. O grupo de especialistas se envolveu durante vários meses em um processo de discussão e colaboração online para fechar o documento.

“As plataformas comerciais dominantes da Internet colocam em risco a democracia. Apesar de todas as grandes oportunidades que a Internet oferece à sociedade e aos indivíduos, os gigantes digitais adquiriram um poder econômico, político e cultural incomparável. Como está organizada atualmente, a Internet separa e divide em vez de criar espaços comuns para negociar diferenças e desacordos”, diz o manifesto.

Christian Fuchs, diretor do instituto de pesquisa em comunicação e mídia da Universidade de Westminster e um dos organizados do manifesto, acredita que “a democracia requer um serviço de mídia pública e Internet como serviço público. Os gigantes digitais como Facebook, YouTube / Google, Netflix e Amazon dominam a Internet. Os resultados têm sido monopólios, vigilância de dados, política algorítmica, populismo digital, a Internet como um grande shopping center, bolhas de filtros, notícias falsas, cultura pós-verdade e falta de debate. Nosso manifesto exige a criação de uma Internet de Serviço Público para que a Mídia de Serviço Público seja habilitada e com os recursos adequados para fornecer plataformas online que tenham um imperativo sem fins lucrativos e a missão digital para promover informações, notícias, debate, democracia, educação, entretenimento, participação e criatividade com a ajuda da Internet “.

Para Klaus Unterberger, chefe do departamento de valor público da Empresa de Radiodifusão Austríaca e um dos organizados do documento, do Manifesto, entende que a comunicação pública é mais do que negócios. “É um propósito público. A pandemia global, a mudança climática acelerada e o aumento das desigualdades sociais demonstraram a urgência de notícias confiáveis e responsáveis, além das notícias falsas e da polarização. Precisamos de uma nova Internet que forneça uma esfera pública para os cidadãos, não apenas para os consumidores. Existem novas oportunidades para fortalecer a esfera pública e a democracia. É por isso que pedimos ação”, comentou.

A ideia é que nos próximos meses, o documento seja tornado global para mais adesões. “Haverá várias atividades e eventos dirigidos aos formuladores de políticas de comunicação, jornalistas de mídias públicas, sociedade civil e o público a fim de criar uma ampla coalizão para a criação de uma Internet de Serviço Público”, finaliza o documento.