Previdência complementar: garantia de uma aposentadoria mais tranquila

A previdência complementar é um recurso que, a cada dia, está sendo mais utilizado para a conquista de um futuro mais estável. Mesmo diante disso, a cultura de poupar ainda não está tão presente na rotina da maioria dos brasileiros, pois uma pesquisa recentemente, publicada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Curitiba, mostrou que 74% da população não faz nenhum investimento pensando no futuro e que 42% afirmam que não têm condições de poupar qualquer quantia.
“Precisamos mudar essa cultura de consumo imediato e planejar com antecedência, para garantir uma aposentadoria com mais qualidade de vida”, afirma José Luiz Costa Taborda Rauen, presidente da Associação dos Fundos de Pensão do Paraná (Previpar). Na avaliação da entidade, muitas pessoas não investem em previdência complementar por falta de informação sobre os tipos de investimentos possíveis.
Segundo Amilton Dalledone Filho, professor de Educação Financeira da FAE Centro Universitário, um detalhe que pode fazer a diferença para um investimento em longo prazo – como a previdência complementar -, é ficar atento às taxas de carregamento e administração. “Esse cuidado é importante, para não ter um ganho muito pequeno ou até prejuízo”, explica. De acordo com ele, há bancos que cobram taxas de administração que chegam até os 4% ao ano, o que acaba dilapidando a reserva.
A dica, que é um consenso entre os especialistas, é a de que todos devem começar a investir desde jovens, mesmo que com baixos valores, para garantir uma boa quantia para a aposentadoria. “Quanto mais cedo se começa, maior é o tempo de contribuição e menor será o valor das parcelas para ter o benefício esperado”, explica Renato Follador, consultor em previdência social e privada e, também, presidente do Fundo Paraná, entidade associada à Previpar.

Opções
No mercado, atualmente, existem diversos planos de previdência complementar, por isso, é muito importante saber as principais diferenças e escolher adequadamente para garantir o modelo de benefício que seja mais adequado para as necessidades.
De acordo com Follador, os planos mais comuns no mercado são PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), tidos como previdência aberta e praticada por bancos e seguradoras; e os recentes fundos multipatrocinados, integrantes da chamada previdência fechada, que administram planos patrocinados por empresas e outros instituídos por associações de classe, e que hoje estão acessíveis ao público em geral.
“Os planos fechados têm como vantagem o fato de serem mais rentáveis, mais baratos e mais seguros”, afirma Follador. Ainda segundo o especialista, os fundos de pensão cobram taxas menores- especialmente a de administração financeira- que impacta profundamente na poupança previdenciária-, pois não precisam remunerar o capital de acionistas, a força de vendas de gerentes e corretores, e o marketing da instituição, como ocorre no caso dos bancos e seguradoras.
A Diferença está no imposto – Segundo o consultor, a diferença entre o PGBL e o VGBL está na questão tributária, sendo que no primeiro, pode-se abater as contribuições até o limite de 12% da renda anual, na declaração do Imposto de Renda. No resgate da poupança previdenciária, ou no recebimento da aposentadoria, o imposto recai sobre o total, ou seja, no capital e também nos juros. De acordo com ele, este tipo de plano foi concebido para assalariados, que recebem um bom valor mensal, e que têm sua renda declarada. Esse mesmo tratamento tributário é dispensado aos planos de fundos multipatrocinados.
Já o VGBL foi criado visando os autônomos e empresários e não permite abatimento no Imposto de Renda, mas, por outro lado, ao final, no resgate do total da poupança ou nas parcelas da aposentadoria, o imposto incide apenas sobre os rendimentos e não sobre o total acumulado.
Por fim, além de escolher o tipo de plano que melhor se adapte ao seu planejamento financeiro, o tipo de resgate da poupança previdenciária, em uma única parcela ou mensalmente – a partir de uma determinada idade e de forma vitalícia -, é importante escolher o tipo pagamento de Imposto de Renda, onde podemos optar por duas tabelas: Progressiva e Regressiva.
Segundo o consultor, a tabela regressiva é interessante para investimentos longos, pois o percentual do imposto (que inicia em 35%) diminui a cada dois anos até chegar à alíquota mínima de 10% quando ultrapassa os 10 anos de contribuição. Já na progressiva, a alíquota é aplicada ao valor dos “proventos”, em degraus, e chega aos 27,5% para os valores acima de R$ 4.087,65.
“Seja qual for sua escolha é importante saber exatamente os planos que estão a sua disposição, os benefícios, os custos, a performance passada e todas as regras para não acabar comprando gato por lebre”, diz Follador.
Ele finaliza alertando para a importância, desde o princípio, de diversificar os investimentos, balanceando a carteira entre renda fixa (títulos públicos, por exemplo) e renda variável (fundos de ações). Uma regra prática que ele recomenda é a do 75. Deve-se deduzir de 75 a idade, e o resultado é o que deve estar aplicado em fundos de ações ao longo da vida.