
Regina Duarte se esquiva da aura de diva. Os 50 anos de carreira não tiraram dela o lugar de mulher comum. Quem imaginaria que a intérprete de Viúva Porcina lava a própria calcinha no banho, desde os 3 anos? Aos fãs, sobressai a figura humana. “Como uma estrela pode ser tão simples?”, questiona Márcia Elizei, do fã-clube carioca dedicado à atriz. Com ternura na voz, a secretária de 47 anos recorda um almoço na casa de Regina e um convite, prontamente aceito, para passear no shopping. Ao lado de dois amigos, ela presentou a Namoradinha do Brasil com três bonecas de personagens marcantes. “Daqui para frente, só quero moleza! Moleza com qualidade!”.
“Não sou nostálgica, mas fico um pouco aflita de ter feito tanta coisa. É como se tudo tivesse acontecido com uma entidade que não sou mais eu. Ao mesmo tempo, isso não me garante nada na cena que tenho que gravar amanhã, sabe? Está tudo na prateleira. Prefiro que não interfira no meu hoje. Já há algum tempo não gostaria de ser protagonista absoluta de nada. A minha cota de satisfação e sacrifício se esgotou. O que eu tinha que doar em termos de vida pessoal para a profissão foi doado. Daqui para a frente, só quero moleza. Moleza com qualidade (risos)! Agora, em “Sete vidas”, estou feliz de ter um personagem (Esther) de acordo com a minha idade, com as minhas pretensões em relação à carreira. Tem um tamanho adequado para o meu momento e para a minha idade, sabe?”, diz a atriz.
Para Regina o meio artístico é uma arma contra o preconceito. “A arte e a dramaturgia têm o importante direito de colocar temas tabus em pauta. Mas é ingênuo acreditar que isso possa acabar com o preconceito. Falar sobre homossexualidade realmente oxigena o assunto, tirando-o das quatro paredes e da obscuridade. Porém, exagerar na colocação do debate pode gerar uma faca de dois gumes, revertendo uma irritação de quem discrimina”, completa.
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