Suor excessivo nos pés atinge 1% da população

A estudante Letícia Pacher sempre teve problemas por suar demais nos pés. Ela conta que não conseguia usar nem chinelos, pois os pés ficavam sempre molhados, seja no frio ou no calor. Os pés transpiravam tanto que saíam gotas de suor, o que a deixava constrangida. Com este suor exagerado que deixavam seus pés molhados sem qualquer razão, Letícia resolveu fazer em julho a cirurgia que controla a transpiração plantar.

Este relato pode ser mais comum do que se imagina. De acordo com especialistas, cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil sofrem com a hiperhidrose nas mãos ou nos pés. E o suor excessivo é uma doença. “Não há testes ou exames específicos para identificar a hiperhidrose. Se suar muito e esta quantidade for suficiente para provocar incômodo e constrangimento diários, deve-se procurar auxílio médico”, diz o cirurgião Marcelo Loureiro do Instituto Jacques Perissat (IJP), integrado ao Hospital INC, em Curitiba. Loureiro foi o primeiro médico a realizar o procedimento nos pés no Brasil e, hoje, ensina a técnica para profissionais do país e do exterior. “O IJP é uma referência em cirurgias de hiper-hidrose, a técnica mais realizada no Brasil e nos Estados Unidos atualmente foi desenvolvida e modificada pelo nosso corpo clínico”, complementa.

O procedimento mais eficaz para curar a hiperhidrose plantar é por meio da cirurgia minimamente invasiva, também conhecida por laparoscopia. Segundo Loureiro, a cirurgia é realizada fazendo pequenos cortes, de 2 mm cada, para inserir pinças de minilaparoscopia. “Os ‘furos’ são feitos na região lateral do abdômen, entre as costelas e o osso lateral da bacia. O objetivo é retirar uma pequena porção do nervo simpático lombar, responsável pelo excesso de suor”, esclarece.

Chamado para realizar a cirurgia em diversos hospitais do Brasil, o cirurgião explica que, apesar da hiper-hidrose na região das axilas e das mãos serem mais conhecidas, o procedimento na planta dos pés é feito por poucos médicos. A explicação é de que é necessário um treinamento específico, com conhecimentos que são difíceis de encontrar em uma única especialidade cirúrgica.

Outro fator que impede muitas pessoas de obterem ajuda é a falta de profissionais aptos no país para realizar o procedimento. Letícia, que tem 18 anos, conta que desde aos 8 anos de idade seus pais procuraram ajuda pela primeira vez e, naquela época, escutaram que só existia a opção para as mãos. Agora, dez anos depois, ela pode fazer a cirurgia no IJP. “Fui à Curitiba porque esse método de Simpatectomia Lombar é um dos únicos no Brasil, desenvolvido pela clínica”, diz. De acordo com a estudante, hoje ela se sente uma pessoa normal, com os pés secos e quentes.

“O primeiro passo é tornar a doença mais conhecida para que as pessoas que sofrem com ela, tenham opções de tratamento. Por fim, devemos formar mais cirurgiões. Por ser uma cirurgia delicada, são poucos os profissionais que buscam esta qualificação”, conclui o cirurgião Marcelo Loureiro.