A Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP) rendeu uma média de 5,4 sacas a mais por hectare na safra brasileira de soja 2020/2021. Foi o que apontaram testes e estudos científicos em mais de mil hectares da oleaginosa nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás e São Paullo, sob condições de stress hídrico, com períodos longos de seca somados a chuvas abundantes em um curto espaço de tempo.
“A safra 20/21 foi marcada por condições climáticas que provocaram muitas discussões e tensões de início ao fim, incluindo o apodrecimento das vagens no Mato Grosso e o abortamento das vagens no Paraná e tantos outros assuntos que interferiram na produtividade. Mas ainda assim, os tratamentos com TCP obtiveram um ganho significativo. Menor, é verdade, mas ainda assim um ganho. Isso é interessante porque a tecnologia mostra que pode funcionar como uma espécie de seguro para o produtor.” Indica Ubirajara Fontoura, phD em solo e membro fundador da Embrapa Cerrado e da Fundação Chapadão/MS, que acompanhou os estudos no Mato Grosso do Sul.
Além dele, outras universidades e instituições de pesquisa pesquisam há alguns anos a TCP, além de testes a campo pelo Brasil. Algumas delas são a Fundação Chapadão, a Fundação Rio Verde, o Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz (FAG, de Cascavel). Também participaram consultorias agrícolas, como a Mulinari (Sorriso/MT) e PHDs em Ciência do solo, como o Doutor Ubirajara Fontoura, Silvano Abreu e Luiz Antônio Fancelli (membro fundador do CESB).
Um resultado emblemático é o estudo científico realizado pela Fundação MS Integração, em Maracaju/MS. Durante dois anos seguidos foram realizados testes com a TCP. No primeiro ano do estudo, em condições de chuvas normais, o resultado final foi de 10,1 sacas a mais por hectare. No ano seguinte, safra 2020/2021, com o stress hídrico severo que acometeu a região, o resultado apresentado foi de 7,1 sacas a mais com o uso da Tecnologia do Consórcio Probiótico.
Mas independente das condições climáticas e do tipo de solo, o grande resultado comemorado, além da afirmação do ganho de produtividade, foi o uso de um único blend TCP para diversas finalidades, abrindo uma janela de possibilidades para o futuro. Com um único blend, em uma única aplicação, foi obtido o controle de nematoides, fungos e bactérias patogênicas do solo, além do aumento da população de microrganismos benéficos, como as bactérias diazotróficas (fixadoras de nitrogênio), a fixação de nitrogênio, e a disponibilização dos nutrientes fósforo, potássio, cálcio, silício, magnésio, manganês, enxofre e, em alguns casos, ferro e cobre.
De acordo com os desenvolvedores da TCP, esses resultados são a “afirmação do uso de sistemas complexos para manter o equilíbrio e a biodiversidade de um sistema agrícola, na prática”. Outro resultado emblemático é a nodulação apresentada em todos os estudos. O uso da TCP apresentou mais nodulação do que inoculantes com Bradyrizhobium japonicum, mostrando-se uma ótima alternativa também para a fixação de nitrogênio.
“E o mais impressionante: não existe microrganismo fixador de nitrogênio no blend TCP utilizado. Ou seja, a TCP aparentemente age diretamente na biodiversidade do solo ao multiplicar os microrganismos benéficos presentes no solo,” completa o Dr. Ubirajara. Todos os estudos apontaram para esse resultado de maior nodulação com o uso da TCP: desde a Fundação Chapadão à Fundação MT, passando por Fundação Rio Verde, Fundação Assis Gurgacz, e os phD´s Silvano Abreu e Luiz Antônio Fancelli.
Fancelli, especialista em fisiologia de soja, concluiu em seu estudo científico com a TCP que “é notória a contribuição da TCP na nodulação efetiva da soja, possibilitando a eventual dispensa do uso de inoculantes específicos para tal fim”. Ele acrescenta que “o uso da TCP contribuiu significativamente para o maior aproveitamento de Fósforo pelas plantas de soja, pois os resultados obtidos na maioria dos parâmetros avaliados foram superiores quando o TCP foi aliado à fonte de fósforo, em comparação ao uso exclusivo do superfosfato simples.”
“Mas o ‘aqui e agora’ não é o mais importante. O mais importante é você deixar seu solo mais saudável para o plantio seguinte, e com isso aumentar sua produção ao longo dos anos”, atesta Ubirajara Fontoura. “Até o momento os resultados obtidos nesses dois anos em diferentes regiões produtoras do país, em diferentes tipos de solo e clima, só corroboram para uma conclusão: a TCP pode ser muito útil em qualquer tipo de solo, sob qualquer clima e, pelo que tudo indica, para qualquer tipo de cultivo. Estamos falando de vida no solo, independente se ele é arenoso ou argiloso”, completa.
“Existe um ponto muito importante que deve ser dito. A revitalização do solo que a TCP faz com maestria do ponto de vista de biodiversidade microbiológica é importantíssimo. Diversos estudos já mostraram que áreas com teores semelhantes de nutrientes têm produtividade de grãos totalmente distintas. Essa semelhança entre as propriedades químicas do solo mostra a insuficiência do conceito mineralista, onde a explicação para a produtividade está ligada somente aos teores absolutos de nutrientes que colocamos no solo (Nicolodi et al., 2008)”, explica Josué Verba, agrônomo e pesquisador da TCP.
De acordo com ele, é “inegável que a diferença de produtividade, nesses casos, acontece por causa dos fatores biológicos. Basta fazermos avaliações da saúde do solo. E esse talvez seja o grande benefício que a TCP traz para a nossa agricultura. E digo mais, não só para a agricultura, mas para todo o sistema produtivo do agronegócio. Porque no final das contas, tudo é microrganismo. Eles são os responsáveis pela saúde e pela doença”.
Altamiro Alvernaz, idealizador da TCP, explica que o sucesso da tecnologia está no fato de que “os microrganismos são amigos do solo e das plantas. Na natureza as plantas alimentam os microrganismos e eles fornecem para a planta o que elas precisam. Na floresta não existem fertilizantes químicos. Quem fornece os nutrientes para as plantas são os microrganismos”.
“Se a planta tem estresse hídrico na floresta ela manda um sinal para os microrganismos que podem ajudá-la contra esse estresse hídrico. Se ela tem estresse por praga ou doença ela vai sinalizar com substâncias para que o microrganismo responsável a ajude contra esse estresse. A interação entre os microrganismos é a chave para o sucesso e equilíbrio do solo”, acrescenta.
Ele ressalta, no entanto, que nenhum microrganismo age sozinho: “Eles, obrigatoriamente, para desempenharem o seu melhor, necessitam de um ‘staff’, de um conjunto de microrganismos que o apoiem e trabalhem, não só com ele, mas para ele. Essa é a base de tudo. Eles fazem parte de um sistema complexo. Esse é o segredo da TCP. É como um jogador de futebol. Sem o preparador físico, sem o nutricionista, sem o cozinheiro, ele não conseguirá ser um atleta de alto rendimento”.
“Eles necessitam de um conjunto de pessoas para desempenhar o seu melhor. Cada um de nós é assim. Necessitamos de outras pessoas para desempenharmos com excelência nossas atribuições. E não é diferente com os microrganismos. Para desempenhar com excelência o seu papel eles necessitam de um staff, de outros microrganismos que vão trazer alimentos e o apoio necessário que ele precisará para desempenhar suas funções. Desse conceito nasceu a tecnologia, que nada mais é do que a estabilização de microrganismos criando microbiomas ou ecossistemas. São sistemas de alta complexidade, que se apoiam, se ajudam e podem desempenhar diversas funções. O próximo salto? Levar isso ao mercado em 2022”, conclui Alvernaz.