Uma publicação científica recente mostrou que quase uma em cinco infecções oculares relacionadas a lente de contato notificadas à Food and Drug Administration americana resulta em dano ocular, de acordo com uma nova análise. Nessa publicação, pesquisadores dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) analisaram 1075 casos de ceratite relacionados a lentes de contato notificados ao FDA entre 2005 e 2015.
Determinante para o sucesso no tratamento da ceratite infecciosa, o exame de lesão na córnea é delicado e invasivo. Este exame só deve ser realizado por oftalmologistas, assim como a coleta de material das possíveis lesões. Depois que a coleta é realizada no consultório do oftalmologista, o que minimiza o risco de agravar a lesão ou de contaminação do material por um coletador não especialista, o exame é enviado ao setor de microbiologia da Unimed Laboratório. Desde que passou a fornecer aos médicos especialistas um Kit Diagnóstico de Lesões na Córnea, o diagnóstico passou a ser mais preciso e rápido, o que ajuda ao especialista a tratar efetivamente ao paciente.
Embora esses casos não sejam uma grande parte dos 41 milhões de usuários, o potencial para ceratite e lesões oculares graves é uma preocupação, escreve a Dra. Jennifer R. Cope, médica epidemiologista na Divisão do CDC de Doenças Ambientais e Transmitidas por Alimentos e pela Água, do National Center for Emerging and Zoonotic Infectious Diseases, em Atlanta, Georgia, e colaboradores. Essa publicação, encontrou que no geral, 213 (19,8%) relatos descreveram lesões oculares, como cicatriz central na córnea ou redução da acuidade visual, e em 47 casos (4,4%), o desfecho foi o transplante de córnea. Atendimento de urgência ou emergência foi necessário para 130 pacientes (12,1%) e hospitalização para 25 (2,3%).
Com o kit, “ao invés de o médico colher o material em outro recipiente e depois enviar para o laboratório para a análise, ele já faz a coleta do material e o deposita no meio de cultura que vai para o estudo. Com isso, a gente ganha em tempo e qualidade no resultado do exame”, explica a microbiologista da Unimed Laboratório, Roberta Crispim. Algumas bactérias de difícil cultura estão sendo pesquisadas, por solicitação de alguns oftalmologistas.
“Com a coleta sendo realizada dessa forma, ganhamos mais confiança no resultado do exame”, diz o oftalmologista Guilherme Gubert Müller, cooperado da Unimed Curitiba e um dos médicos da capital que passou a usar o kit diagnóstico. Por meio do exame, o médico consegue identificar qual agente infeccioso (se bactéria ou fungo) é o responsável pela lesão no olho do paciente e, assim, realizar um tratamento mais preciso.
“As lentes de contato são uma forma segura e eficaz de correção da visão quando usadas e cuidadas como recomendado”, disse Michael Beach, diretor do Programa de Água Saudável do CDC, em comunicado do CDC à imprensa. “No entanto, o desgaste e cuidado inadequados das lentes de contato podem causar infecções oculares que às vezes levam a lesões sérias e permanentes”.
Quando se utiliza lentes de contato, consultar um oftalmologista periodicamente é fundamental, assim como seguir todas as recomendações médicas para o uso correto, a higiene e a manutenção das lentes oferecidas pelo médico. O uso incorreto das lentes de contato é uma das principais causas de úlceras na córnea. Conjuntivites e traumas na região ocular também são fatores de risco. O sintoma mais evidente da lesão é uma mancha branca que aparece na córnea e pode ser vista no espelho, mas a mancha só aparece depois que o paciente já vem se queixando de dor e sensibilidade à luz. Depois que a mancha surge, é imprescindível procurar um oftalmologista. “É muito importante cuidar e cuidar da maneira certa, porque essa lesão pode levar o paciente à perda de visão”, afirma Müller. Estima-se que em países em desenvolvimento sejam registrados 2 milhões de casos de úlcera na córnea por ano.
Referência do estudo: Morb Mortal Wkly Rep. 2016;65;817-820. Artigo