Apesar do mercado popular de confecção tornar mais acessível comprar roupas prontas, o hábito de escolher o tecido e “mandar fazer” uma peça voltou a ser muito praticado. Hoje, o foco é diferente: quem compra tecido e recorre aos serviços das costureiras ou alfaiates é quem deseja roupas exclusivas e feitas sob medida.
Segundo Ary Sérgio Fonseca, diretor da Casa Huddersfield, loja de tecidos localizada na Praça Osório há mais de 38 anos, a procura por tecidos, principalmente aqueles voltados para a alfaiataria, tem aumentado. “Hoje, as pessoas querem uma roupa com personalidade, com um tecido elaborado, tecidos mais finos, com mais leveza e caimento”, destaca Ary.
A procura por roupas personalizadas fez surgir até uma nova profissão: os camiseiros, que se dedicam exclusivamente a produção de camisas, principalmente após o surgimento do algodão com fio egípcio (que dá ao tradicional algodão mais leveza e um toque mais suave na pele). E engana-se quem pensa que apenas homens recorrem aos alfaiates, em busca de ternos; as mulheres têm buscado roupas com um corte mais de alfaiataria aos seus modelitos.
As mulheres ainda são as quem mais procuram as costureiras. “As mulheres olham um vestido em uma revista, em alguma atriz, e querem copiar o modelo. Então elas vêm até a loja, escolhem o tecido. Nós temos um cadastro de várias costureiras e alfaiates que podemos indicar”, afirma Ary.
Até os homens já se renderam ao “copiar” os modelos das melhores grifes e passaram comprar tecidos e levar aos alfaiates. “O tecido mais usado pelas grifes de roupas masculinas, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, é o super 120, que comprando e mandando fazer o terno, sai mais de 60 % mais barato do que os das lojas. E a qualidade é igual, sendo que mandando fazer, o terno sairá exatamente do jeito que o cliente precisa”, analisa o diretor da Casa Huddersfield.
Mercado
Na Praça Osório desde 1975, a Casa Huddersfield fez parte de uma das maiores redes de lojas de tecidos do Brasil. A Huddersfield chegou, em 1960, a ter mais de 17 lojas pelo país e tinha uma fábrica própria. Porém, com a chegada dos tecidos chineses que baratearam a produção de roupas, o mercado de tecidos teve um declínio acentuado. Após o fechamento da fábrica, o grupo se desfez, sendo que a administração de cada filial passou a ser independente.
A loja de Curitiba, que chegou em 1951, não pertence mais ao grupo desde 1955. Hoje, além da loja paranaense, há uma loja Huddersfield em Florianópolis. Administrada por três gerações da mesma família (o proprietário Ary Posse Fonseca, de 84 anos, cuida da loja com seu filho, o diretor Ary Sérgio, de 53 anos, e com seu neto Leandro, de 27 anos), a Huddersfield conta atualmente com 12 funcionários.
Tecidos de todos os tipos e para todas as utilidades
Com a chegada do inverno, a busca por tecidos mais quentes já começou. E este ano, as flanelas estão em alta: xadrez, listradas e até imitando pele de animais, com estampas de onça, zebra e vaca. A flanela dá aos looks um toque moderno, quando em estampas alternativas ou retrô.
Além de serem usados nas roupas, os tecidos são as principais ferramentas de trabalho para quem trabalha com artesanato. “Há muita procura para quem trabalha com patchwork e para usar o tecido no lugar do papel de parede”, revela Ary.
Tecnologia
Tecidos que passam fácil, com fibras que mantém mais o calor ou refrescam o corpo, antialérgicos, mais leves, com um toque mais suave. A tecnologia ampliou o leque de opções no mercado. Mesmo com o advento das importações de roupas, quem precisa ou prefere um tecido melhor conta com uma gama de variedades imensa. Um exemplo é a lã: hoje, o público prefere uma lã mais leve e com um toque mais suave na pele, do que as tradicionais lãs grossas e pesadas.
))) Franciele Lima