Superbactérias preocupam Organização Mundial da Saúde

Em 2011, a revista médica The Lancet, publicou um manifesto sobre a disseminação das superbactérias no mundo, chamando atenção para o uso indiscriminado de antibióticos, o que pode levar a um quadro em que os medicamentos tornam-se ineficazes. Quatro anos depois, o cenário continua preocupante. Na quarta-feira, dia 29 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que apenas 34 países têm planos nacionais para combater a ameaça mundial da resistência aos antibióticos.
Em uma pesquisa sobre os planos dos governos para resolver a situação, a OMS descobriu que poucos – apenas um quarto dos 133 países que participaram do estudo – estão preparados para enfrentar infecções causadas pelas superbactérias. E, segundo o bioquímico e especialista em bacteriologia Marcos Kozlowski, responsável técnico do LANAC-Laboratório de Análises Clínicas, os mecanismos de resistência destas bactérias estão cada vez mais rápidos. “Elas podem se ‘adaptar’ a novos medicamentos em questão de seis meses a um ano”, revela. Segundo Kozlowski, a resistência das bactérias ocorre porque elas, diferentemente de outras doenças, são micro-organismos vivos capazes de transmitir o gene de resistência. Por isso, é fundamental que os pacientes façam uso do remédio no período e na dosagem prescrita pelo médico e não comprem antibióticos sem prescrição.
Infecções por superbactérias já matam centenas de milhares de pessoas por ano, e a tendência é que esses números só cresçam. “Manter comissões de controle de infecção hospitalar em todos os hospitais e continuar controlando a venda de medicamentos são as medidas básicas para contermos o avanço destas bactérias”, explica o bioquímico. Incentivar a indústria a fabricar novos fármacos deve ser, na opinião de Kozlowski, uma alternativa a longo prazo em função do custo elevado.