Falta de informação ainda prejudica quem sofre de doenças da tireoide

As disfunções tireoidianas acometem cerca de 3% dos homens e 7,5% das mulheres abaixo dos 45 anos. Estes números são maiores em pacientes com mais idade, atingindo 10% das mulheres acima dos 45 anos e 20% acima dos 60 anos. A alta prevalência de doenças da tireoide e o grande número de casos subdiagnosticados fazem deste 25 de maio, Dia Internacional da Tiroide, uma data de alerta. É o que afirma Mauro Scharf, diretor médico e endocrinologista integrante do corpo clínico do Laboratório Frischmann Aisengart.
Cansaço excessivo, sonolência e esquecimento. Características compatíveis com depressão. Inchaço, instabilidade emocional, pele seca, menstruação irregular e ganho de peso. Problemas comuns para muitas mulheres na menopausa. Mas é bom tomar cuidado na hora de buscar tratamento. Por trás desses sintomas pode estar o hipotireoidismo, uma disfunção da glândula tireoide, glândula que controla os hormônios responsáveis por regular o metabolismo. “Como a tireoide está envolvida em diversos processos metabólicos, as disfunções tireoidianas podem mimetizar diversas doenças, acabando por dificultar muitas vezes o diagnóstico e atrasar o tratamento adequado”, explica Scharf.
Na outra ponta está o hipertireoidismo, no qual o paciente apresenta taquicardia, palpitações, insônia, diarreia, excesso de calor e perda de peso provocada pela aceleração do metabolismo. As disfunções da tireoide (hipotireoidismo e hipertireoidismo) podem ter diversas causas, sendo as mais frequentes as de natureza autoimune – quando o organismo começa a produzir anticorpos contra si mesmo, incluindo as tireoidites de Hashimoto e a Doença de Graves.
Sem diagnóstico e cuidados adequados, as duas doenças podem evoluir de forma grave. Outra desordem que pode afetar a tireoide é o câncer, cuja prevalência vem aumentando muito nos últimos anos. “Como em qualquer tipo de câncer, no caso da tireoide, quanto mais cedo a situação for descoberta, mais chances o paciente tem de se curar”, afirma Scharf.
O diagnóstico, tanto do hiper quanto do hipotireoidismo, é simples. “Basta um exame de sangue, chamado dosagem de TSH, que pode ser feito a qualquer hora do dia, requerendo apenas três horas de jejum antes da coleta do material”, lembra o médico. Este exame deve ser realizado rotineiramente, em homens e mulheres acima dos 40 anos para o diagnóstico do hiper ou do hipotireoidismo subclínico.
Mas é preciso ficar atento, pois as desordens da tireoide podem acontecer em qualquer idade. Para se ter ideia, o famoso “teste do pezinho”, que é feito em recém-nascidos, também inclui a análise do nível de TSH no sangue. Nos bebês, a falta dos hormônios da tireoide – hipotireoidismo congênito – pode levar a grave retardo mental (cretinismo). “Grande parte do sistema nervoso central do ser humano é formado até os dois anos de idade. Caso haja, por exemplo, a falta de hormônios tireoidianos, seu desenvolvimento fica muito comprometido, prejudicando séria e irreversivelmente, a capacidade intelectual”, diz o médico.
Scharf ressalta que “os problemas na glândula tireoide são muito mais frequentes do que se imagina e, por isso, o diagnóstico precoce, a intervenção terapêutica apropriada e a prevenção são fundamentais”, finaliza.