Grupo desiste de comprar BVA e BC deve liquidar instituição

O grupo Caoa, o maior credor do BVA, desistiu da compra da instituição financeira, sob intervenção pelo Banco Central (BC) desde outubro de 2012. Com a desistência, a instituição pode ser liquidada extrajudicialmente, pelo BC.
O objetivo do grupo era comprar os créditos do BVA, mas os credores precisavam aceitar a proposta de R$ 900 milhões de deságio. Segundo o assessor do grupo que cuidava das negociações, Eduardo Garcia, faltaram R$ 150 milhões de pelo menos cinco credores, que mostraram resistência.
A ideia do grupo era recomprar os títulos detidos pelos atuais depositantes do BVA por um desconto de 65% do valor de face (valor escrito no papel, sem mudanças no preço), com pagamento à vista, mais 35% em títulos lastreados por operações de crédito que o banco detinha. Segundo comunicado do Caoa, a operação seria parecida com proposta do BC, prevista em um anteprojeto de lei, de recuperação de bancos em dificuldades, por meio da união de credores para equacionar as deficiências patrimoniais.
O grupo iria injetar R$ 600 milhões para recomprar os títulos. Além disso, R$ 600 milhões de uma linha de crédito seriam usados para garantir a liquidez do banco.
De acordo com o Caoa, a negociação foi feita com mais de 400 credores, entre entidades de previdência, de classe e pequenos poupadores até grandes depositantes, como o Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
No dia 18 de abril, o BC prorrogou em três meses a duração do regime de intervenção no BVA para permitir a negociação do grupo Caoa com os demais credores. Mas, segundo Garcia, não havia mais tempo para manter a negociação porque, dentro desse prazo, além de conseguir a adesão dos demais credores, há um processo de aprovação da nova composição da instituição, feito pelo BC, que dura de 60 a 70 dias. “Legalmente, o prazo não poderia ser prorrogado em nenhum dia a mais. Então, não havia mais tempo para continuar a negociação”, disse.
Em outubro do ano passado, quando anunciou a intervenção, o Banco Central informou que o BVA detinha 0,17% dos ativos do sistema financeiro e 0,24% dos depósitos, com sete agências localizadas nos estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo. O BVA, segundo o grupo Caoa, oferecia crédito para empresas em dificuldades.