A cirurgia bariátrica teve um aumento substancial nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o procedimento aumentou 200% no País nos últimos oito anos, sendo 15,8% da população adulta obesa, ou seja, 30 milhões de pessoas e quase metade da população adulta está acima do peso (49%). Esse aumento do número de cirurgias bariátricas realizadas, se deve principalmente a dois aspectos: o número crescente dos casos de obesidade e a popularização, no meio médico, das técnicas cirúrgicas.
Muitos obesos mórbidos já conseguiram emagrecer e até chegaram ao peso ideal, após internações em spas, dietas, atividade físicas e psicoterapia. Entretanto, a grande maioria recuperou o peso e alcançou patamares ainda maiores. A regra geral é o insucesso dos diversos tipos de tratamentos clínicos, principalmente quando se trata da manutenção do peso perdido em longo prazo”, avalia o cirurgião Mateus Martinelli de Oliveira. Segundo o médico, apenas 20% dos que emagrecem conseguem manter o peso por mais de 1 ano, e somente 5% depois de 5 anos.
O obeso, além de carregar todo o seu peso, frequentemente carrega a culpa e a responsabilidade por sua obesidade. “A nossa sociedade supervaloriza a magreza e promove julgamentos sociais negativos em relação ao obeso”, comenta Martinelli. Adjetivos como feio, relaxado e preguiçoso são ouvidos pelos obesos, como se eles fossem responsáveis pela sua obesidade por falta de vontade e autocontrole. “Ninguém é obeso por escolha, e a obesidade não tem nenhuma relação com falta de vontade”, explica.
Segundo Martinelli, o grande vilão da obesidade é o desenvolvimento da síndrome plurimetabólica que é caracterizada pela associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames cerebrais), vasculares periféricas e diabetes. Para determinar o perfil do paciente candidato a cirurgia analisa-se os fatores de risco, e o peso do paciente.
Com o aumento dos jovens obesos no Brasil, a idade permitida para se fazer a cirurgia também foi reduzida. “Agora jovens de 16 anos, podem realizar a cirurgia bariátrica, desde que tomadas precauções especiais e o risco-benefício seja bem analisado”, explica Martinelli. Porém é importante frisar que a cirurgia é o último recurso para o emagrecimento. “Após a negatividade do tratamento clínico, acompanhado por uma equipe de saúde multidisciplinar, a equipe médica decide pela técnica indicada para o paciente, não existindo uma cirurgia melhor ou pior, mas sim a melhor opção para cada paciente”, finaliza Mateus Martinelli de Oliveira.