por Pierpaolo Nota
Antes de viajar ao Jalapão procurei me informar sobre o destino, li várias matérias e assisti muitos vídeos. Curioso, é que a grandeza do lugar é tanta que nenhuma matéria, nem vídeo, conseguiu retratar como é realmente esse paraíso, localizado no próspero Estado do Tocantins, que tem apenas 35 anos.
Para começar, não tente conhecer o Jalapão por conta própria. É necessário contratar guias turísticos, que fazem dupla função ao também dirigir as caminhonetes que nos conduzem ao paraíso. Como o tempo era curto, de apenas três dias, a empresa 100 Limites organizou um roteiro enxuto para que o grupo de jornalistas convidados que estavam comigo pudessem ao menos conhecer as principais atrações.
Eu sabia que tinha muita estrada rural a ser percorrida. E não deu outra, o coração começa a bater mais forte quando acaba o asfalto e a caminhonete para em um posto de gasolina para baixar a calibragem dos pneus, de 40 libras para 17, com objetivo de andar nas longas estradas de areia e terra com mais conforto e evitar atolamentos.
CÂNION SUSSUAPURA – A primeira parada aconteceu cerca de 30 minutos depois de muita poeira, em meio ao cerrado, no Cânion Sussuapura, que apesar de pequeno, é perfeito para causar aquela sensação que você acabou de entrar em uma região muito especial. O local permite um contato real com a natureza, já que é possível andar dentro do rio, em meio ao cânion, desfrutando da linda paisagem de suas paredes de pedra. É recomendado visitar o espaço usando calçados tipo papete, especiais para andar sobre pedras.
COMUNIDADE QUILOMBOLA – Depois de mais duas horas de estrada de terra chegamos a primeira parada, na comunidade quilombola de Rio Novo, que conta com 56 moradores. O que ninguém imaginava é que ali foi possível degustar a melhor refeição da viagem. Uma comida caseira recheada de sabor, seguida de um bom descanso no chamativo redário instalado em frente ao restaurante Flor do Jalapão. Cleusilene Chaves dos Santos, que é proprietária do local, mora na comunidade há 18 anos e tem o restaurante há 10, conta que atende “de 70 a 150 pessoas por dia, depende da época do ano.”
DUNAS DO JALAPÃO – Pós rápido descanso no redário, partimos passando pelo Rio Novo, rumo a Serra do Espírito Santo, uma chapada que tem aproximadamente 300 metros de altura e 22 quilômetros de extensão. A próxima parada aconteceu nas Dunas do Jalapão, uma das principais atrações do Parque Estadual do Jalapão, retratada na foto que abre a matéria. Na chegada existe todo um ritual, visto que constantemente existe uma fila de turistas organizadas por caminhonetes, para produzir a emblemática foto da entrada do parque. Mas a espera não é problema, já que se faz dentro de um agradável bar que conta com boa música e serve drinks maravilhosos. Segundo o guia turístico Maycon Kener Almeida, “as dunas do Jalapão são consideradas as maiores e únicas dunas do cerrado brasileiro. Uma das paisagens mais belas do Jalapão, onde é possível ver areia dourada, vegetação com as palmeiras Buriti e água junto. Um cenário completo e perfeito!”
Com sorte, todos os turistas presentes no local tiveram a oportunidade de ver o sol se pondo de um lado da impressionante paisagem e a lua cheia nascendo do outro, como se ambos se cumprimentassem, abrilhantando ainda mais a passagem e energia do local.
Já jantado, hora de seguir para Mateiros, descansar na pousada. A propósito, não espere muito desses estabelecimentos no Jalapão, todos são extremamente simples, devido ao pouco tempo de exploração turística que existe na região e a dificuldade de acesso. Fato compensado pelo calor humano dos colaboradores, sempre solícitos em ajudar aos hóspedes.
CACHOEIRA DA FORMIGA – Na agenda da manhã do dia seguinte um dos principais atrativos do Parque Estadual do Jalapão, a Cachoeira da Formiga. O local não é grande nem a cachoeira alta, mas o espaço que ela forma, a forma como a água cristalina desce e a energia que emana são contagiantes. É possível sentir a surpresa e felicidade dos turistas em poder desfrutar daquele espaço da natureza. Como era dia do meu aniversário, fui presenteado por amigos jornalistas com um “parabéns pra você” dentro da água. Participou junto a turista carioca Joelma Martins, que salientou o privilégio que tive de comemorar o aniversário em um local tão especial. Foi uma experiência marcante e inesquecível!
FERVEDOURO DOS BURITIS – Chegada a hora de ir a caminho dos famosos fervedouros do Jalapão, piscinas naturais cercadas por vegetação densa, principalmente buritis. Diferente é que ao mergulhar os turistas não conseguem afundar, independente da profundidade. Antes do mergulho no Fervedouro dos Buritis, aguardando na fila, já que somente 10 pessoas podem entrar na piscina natural por vez, foi hora de almoçar. Como em todas as paradas, foi servida aquela comida caseira, que dá água na boca só de olhar.
CAPIM DOURADO, O OURO DO JALAPÃO – Com agenda corrida, na pressa de ver o máximo de atrações possíveis, seguimos para a Comunidade Quilombola Mumbuca que conta com cerca de 200 habitantes De peito aberto, posso dizer que foi uma verdadeira vivência ao lado dos quilombolas que moram no local, referência no Jalapão na produção em peças com o capim dourado, vegetação que só cresce no Brasil naquela região. Foi uma oportunidade única de assistir uma apresentação de composições próprias, embaladas ao som da viola de buriti. Para depois visitar a completa e surpreendente loja de artesanatos locais.
ENTENDA O CAPIM DOURADO – O capim, que não é um capim, é, na verdade um tipo de sempre-viva pertencente à família das Eriocaulaceas. Cresce bem próximo ao solo em formato de roseta e acaba sendo escondido por outras plantas. Por isso, muitos comentam que colher o capim é quase que garimpar um ouro vegetal. As peças criadas vão desde bolsas, cestos, cintos, bijuterias, entre outras obras de arte. E o melhor de tudo, pela qualidade das obras, o preço é extremamente acessível.
FERVEDOUDO ALECRIM – Último destino do segundo dia de jornada foi o Fervedouro Alecrim, já na entrada de São Félix do Jalapão, próximo ao Rio Novo. Como o banho lá era noturno, foi possível antes praticar bóia cross no Rio Soninho. Também um momento mágico, quando em meio ao rio o guia pediu silêncio a todos. A partir daí foi possível escutar a natureza, sentir sua paz e força e avistar tucanos e outra aves voando sobre nossas cabeças.
MORRO DA CATEDRAL – Pós uma noite bem dormida, hora de retornar para Palmas, sem antes contemplar o Morro da Catedral, uma incrível formação de pedra que lembra uma igreja e fica localizada em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
CACHOEIRA DO EVILSON – Já no asfalto, em Taquaruçu do Porto, distrito de Palmas, foi a vez de conhecer a Cachoeira do Evilson, com cerca de 50 metros de altura. No local é possível passar o dia almoçando, descansando em uma rede ou banhando-se no lago que a cachoeira forma.
POUSADA ALDEIA DA SERRA – Por fim, o último pernoite dessa jornada corrida aconteceu na Pousada Aldeia da Serra, localizada em Taquaruçu e construída em meio a uma mata de coco babaçu. Mas essa pousada é tão top que merece uma matéria só dela, que vem por aí!
SOBRE A VIAGEM – A visita ao Parque Estadual do Jalapão foi exclusiva à jornalistas da ABRAJET – Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, organizada pela seccional da Abrajet Tocantins, presidida pelo jornalista Luiz Pires. Segundo o presidente nacional da Abrajet, Evandro Novak, “a experiência foi muito importante para que os jornalistas que participaram da viagem possam retratar com fidelidade aos seus leitores as belezas do Jalapão.”