O aumento no número de pessoas matriculadas em cursos superiores melhorou o nível profissional de uma parte da população, mas trouxe uma contradição embutida. Embora sejam comuns entre os empresários as reclamações sobre a falta de mão de obra qualificada no país, uma pesquisa que comparou dados dos Censos de 2000 e 2010 mostra uma queda no salário médio mensal dos trabalhadores com nível superior, principalmente daqueles que atuam em profissões da área de humanas ou ligadas à saúde, como enfermagem e farmácia.
O levantamento foi elaborado pelo economista Naercio Menezes Filho, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e da USP, a pedido da BRAiN (Brasil Investimentos & Negócios), associação mantida por bancos e entidades como a Federação do Comércio de São Paulo e a Bolsa de Valores de São Paulo.
A pesquisa indica um descompasso entre a necessidade de profissionais no mercado de trabalho brasileiro e a formação de universitários. O excesso de formandos que saem dos cursos de humanas e da área de saúde – com exceção da medicina – joga para baixo os salários pagos a essas carreiras e prejudica até mesmo o desempenho salarial médio dos profissionais com nível superior.