URGENTE: Curitiba precisa de mais táxis nas ruas

Conforme a lei orgânica de Curitiba, aprovada em 2012, a cidade precisa ter um táxi para cada 300 habitantes. Porém de acordo com a Urbs, há um táxi para cada 785 curitibanos. A atual frota de táxis de Curitiba tem 2.252 carros, sendo apenas 21 executivos e quatro adaptados para deficientes. O número de táxis na capital é o mesmo desde 1970, quando a população girava em torno de 850 mil habitantes. Dessa forma, em dia que está chovendo, conseguir tomar um táxi é quase uma questão de sorte.
Além do número restrito de veículos disponíveis, em comparação ao número de habitantes, alguns fatores novos tornaram a atividade de pegar um táxi quase uma tarefa impossível e que exige muita paciência. Com a alteração da Lei Seca, que estipulou tolerância zero para o consumo de álcool antes de dirigir, mais pessoas passaram a deixar seus carros em casa para curtir a noite, contando voltar para casa de táxi.
Surgiu um novo problema: a frota de táxi, que já não suporta a demanda diária por ser limitada, agora não comporta o número de novos usuários noturnos. Em média, durante o dia, a espera por um táxi é superior a 30 minutos. A noite, a espera pode chegar a uma hora (a questão virou até piada, em um dos episódios do viral da internet Como se Fala em Curitiba, onde atores retratam com humor os dilemas e vícios dos curitibanos). Junto a todos esses fatores, está o custo: hoje, o táxi convencional já chega para pegar o passageiro cobrando R$ 4. Se for durante o dia, será cobrando bandeira 1, que cobra em média R$ 2 por quilometro rodado. Se for entre 20h e 6h, passa a valer bandeira 2, que custa em média R$ 2,30 por quilometro.
Caro e com frota limitada, andar de táxi em Curitiba é cada vez mais complicado. Sem opção alternativa de transporte, o curitibano ou usa o transporte coletivo que ficou mais caro este mês, com a passagem no valor de R$ 2,85, ou utiliza seu próprio veículo: o combustível já subiu este ano, não há vagas suficientes nas ruas sendo a opção pagar estacionamento particular.
Para tentar minimizar a situação, neste ano, a Urbs (que controla a atividade de táxi em Curitiba) deve liberar 748 licenças para novos táxis. Desde o final do ano passado, a entidade começou a emitir autorizações para os novos táxis, mas não há uma previsão de quando efetivamente esses carros estarão nas ruas. Segundo o presidente da Ubrs Roberto Gregório, deve sair ainda este mês um cronograma dessa liberação.
Com as novas licenças a serem liberadas, a frota terá um aumento de 33%, sendo um táxi para cada 583 habitantes. O número ainda está abaixo da média mundial, que estabelece um táxi para cada 300 habitantes.

A espera de solução

Lei Seca mais rigorosa, tarifa de ônibus mais cara, trânsito complicado e a proximidade da Copa do Mundo, que terá jogos em Curitiba. Todos estes fatores têm estimulado cobranças, por parte da sociedade, para uma solução alternativa para se locomover na cidade. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas no Paraná Fábio Aguayo está a frente da campanha “Eu quero Táxi. Eu quero Transporte Alternativo”. Para ele, a campanha não visa apenas o interesse dos proprietários de bares e casas noturnas, por conta do rigor da lei seca. “Nós estamos pensando em toda a sociedade: não tem táxi para ir e voltar da igreja, teatro, ir a uma clínica, um médico. É direito do cidadão ter mais opções de transporte. E transporte alternativo mais barato, mais acessível”.
Aguayo acredita que, com mais opções de transporte, a realidade nas ruas de Curitiba seria diferente. “Se tiver mais táxis, o motorista vai optar por usar o táxi, pois ele não vai precisar se estressar com o trânsito, gastar com gasolina, estacionamento. Além do que, se ele sair de casa para beber, vai ser muito mais seguro: ele não vai correr o risco de causar ou se envolver em um acidente, não vai ter o risco de cair uma blitz do bafômetro, pagar multa, perder pontos na carteira, fiança”.
A campanha tem contado com o apoio de várias entidades, como o Sindicato das Empresas de Eventos de Curitiba, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná – Abrasel/PR, do Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná – Sinditaxi, do Sindicato dos Trabalhadores no Comercio Hoteleiro, Meios de Hospedagem e Gastronomia de Curitiba e Região – Sindehoteis, além de vários vereadores e deputados que encamparam a iniciativa.

Mobilização

Está marcada uma manifestação para o dia 01 de maio, para cobrar das autoridades uma solução para a questão do transporte alternativo, organizada pelos mesmos apoiadores da campanha. Até lá, o presidente da Abrabar/PR espera que as licenças para novos táxis a serem liberadas já estejam em funcionamento. “Espero que tenha critérios para essa distribuição: que dê a licença para trabalhar com táxi para trabalhadores, para quem precisa trabalhar, não para empresários, para continuar como está, com um comércio caríssimo de concessão de táxi que existe hoje e todos sabem que existe”.
Além dos 748 novos carros a serem incorporados a frota atual de táxi, a campanha luta para por mais 269 novas concessões. Segundo Aguayo, com a frota passando para 3.269 carros, a solução da polêmica dos táxis em Curitiba terá fim. Pelo menos em quantidade de veículos.

))) Franciele Lima